Em tom de comício no RJ, Lula e Cabral atacam Garotinho e Cesar Maia
Durante inauguração na favela da Rocinha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), criticaram nesta segunda-feira (8) os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho (PR) e o ex-prefeito carioca Cesar Maia (DEM), oposicionistas a quem acusou de negligência com os mais pobres.
Defensor da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à Presidência da República, Cabral afirmou que os Garotinho – que apoiaram Lula no segundo turno das eleições de 2002, caminharam com a oposição em 2006 e desta vez sinalizaram em favor da petista – deixaram o presidente sem clima em seu primeiro mandato para visitar o Rio de Janeiro.
Maia, acusado por palacianos de ajudar a orquestrar a vaia durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, foi incluído no mesmo grupo pelo peemedebista, que também enfrentou dificuldades com o ex-prefeito e que tem em Anthony Garotinho um de seus principais adversários na tentativa de se reeleger neste ano. Aliado de Lula desde que se elegeu em 2006, Cabral apoiou o governador de São Paulo, José Serra, quando o tucano se candidatou à Presidência em 2002. Neste ano, vai com Dilma.
“O presidente estava muito traumatizado com o Rio de Janeiro, ao ponto de filha de governadora ir ao hotel onde ele ficava só para organizar vaia para ele”, afirmou Cabral, referindo-se à vereadora Clarissa Garotinho. “O prefeito da cidade só falava mal. O presidente não tinha ambiente no Rio. Ele disse a mim num palanque em Duque de Caxias em 2006 que se ganhássemos as eleições faríamos uma grande parceria. E é isso que estamos aqui para demonstrar, que somos parceiros.”
Cabral também acusou a ex-governadora Rosinha de se recusar a viabilizar investimentos do governo federal em favelas da capital fluminense. “A oposição tenta satirizar, mas falamos com muito orgulho: nunca na história do Rio de Janeiro tivemos um presidente que olhou tanto pelo Rio de Janeiro quanto o presidente Lula. E isso é porque hoje temos parceria nos governos federal, estadual e municipal”, afirmou o governador, referindo-se também ao prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Depois de criticar a cobertura da imprensa às inaugurações feitas por ele e pela ministra Dilma, Lula disse que a cultura política do Rio de Janeiro mudou com as eleições de Cabral e Paes, ambos do PMDB. O partido é aliado preferencial do PT para compor a aliança em torno de Dilma para as eleições presidenciais deste ano, tendo Serra como provável adversário.
“Antes era diferente. O prefeito só ficava falando mal num blog. Nós não queremos mais gente assim. É preciso que a gente comece a ver as pessoas que pensam como a gente”, afirmou Lula. “Governar o Rio de Janeiro com um companheiro como este é fácil. O Sergio, depois de muitos anos, é o único governador que pensa carioca, age carioca e fala como se fosse carioca, tendo alma de carioca. Por isso que está funcionando”, discursou o presidente. Maia é cogitado para disputar uma vaga no Senado e seu filho é presidente do Democratas, de oposição ao governo.
Mãe do PACNa mesma favela onde recebeu o apelido de “mãe do PAC” (Programa de Aceleração do Crescimento), Dilma fez referência ao Dia Internacional da Mulher e às dificuldades que as mães da Rocinha vivem para afastar os filhos das drogas e da criminalidade. Caso seja eleita, ela será a primeira mulher presidente do Brasil
“Nós somos sem sombra de dúvida diferentes dos homens. Mas isso não significa que sejamos desiguais. O governo do presidente Lula tomou todas as medidas para construirmos uma sociedade em que homens e mulheres sejam companheiros”, afirmou a ministra, ao lado dos colegas José Gomes Temporão (Saúde), Marcio Fortes (Cidades), Orlando Silva (Esportes) e Franklin Martins (Comunicação Social).
“As mulheres têm características especiais. Elas são sensíveis, práticas e sensatas. As mulheres são fortes e corajosas. Aguentam sacrifício e a dor”, resumiu a ministra, que ouviu gritos de “Dilma presidente”. Ela também fez referência à reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, segundo a qual teria inaugurado na Baixada Fluminense uma obra sem verba federal. De acordo com a petista, o governo arcará com custos da equipe do hospital da mulher Heloneida Studart.
O presidente também comentou a reportagem e criticou a imprensa porque “quase nenhuma obra que fazemos merece matéria. O que merece é uma gafe, um erro que a gente cometa ou uma coisa que não aconteceu”. Ele completou dizendo que aprendeu a fazer política na adversidade. “Não aprendi a fazer com ninguém puxando o saco. Todo mundo sabe que eu tenho o casco duro. Se dependesse de bordoada eu não estaria onde estou”, disse.
Fonte: UOL notícias 08/03/2010 - 14h40
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