sábado, 8 de janeiro de 2011

Perdendo a linha... e, talvez, a memória!

Apesar de sua consagradora votação, o Exmo. Sr. Deputado Fedral eleito Anthony Garotinho (PR-RJ) parece estar ainda fortemente abalado pela indefinição que envolveu sua diplomação e a iminência de uma eleição suplementar para o cargo de sua Senhora, a Exma. Prefeita de Campos. Só isso explica seu destempero e deselegância - para ser sutil - ao ocupar na manhã de hoje os microfones da Diário FM - a mesma que o demitiu às véperas do pleito de 2008 - durante um Programa entitulado Entrevista Coletiva, para fazer ataques infelizes ao jornalista Aluysio Cardoso Barbosa.
De forma repetitiva, Garotinho insistiu em referência mesquinha a suposta intervenção dele mesmo no sentido de atendimento médico que teria salvo a vida do jornalista. Num de seus papéis prediletos, o de bom samaritano, o comunicador/ deputado tentou atribuir a si próprio a responsabilidade pelo Sr. Aluysio não estar hoje "no Cajú", resvalando na representação de outro personagem, o de responsável por desígnios divinos.
O ataque, de péssimo gosto, certamente revela descontrole e insegurança, tal a ira despejada sobre o jornalista e sobre atores políticos que protagonizam a Frente Democrática de Campos. Mas a considerar versão que ouço há anos de diversos confiáveis cronistas da história política recente de nosso município - alguns inclusive que atualmente integram a corte de bajuladores do parlamentar/ comandante - pode indicar também ingratidão e lapsos seletivos de memória...
É voz corrente na memória de vários interlocutores deste blogueiro que nos anos 80, quando o jovem radialista Garotinho foi isolado e calado pelas forças então hegemônicas na política local, às quais fazia oposição, passou por dificuldades para além do campo da política, tendo sido socorrido profissional e politicamente pelo mesmo Aluysio Barbosa, que através dos microfones da rádio Continental garantiu sobrevida à carreira política daquele que em 1988 viria a ser eleito "o Prefeito do Brizola" e sobrevivência ao jovem chefe de família. É possível que hoje o bem sucedido deputado, que pontifica com Tiririca entre os mais bem votados membros do Congresso Nacional não se lembre mesmo de dias difíceis, se é que de fato os viveu. Contudo, existe ao menos a versão que, não obstante o talento da Exma. Prefeita como promotora de cosméticos, a intervenção do Sr. Aluysio à época teria sido decisiva no sentido de evitar que a vitoriosa carreira política do clã tivesse perecido por... inanição.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cidadania pra quem cara pálida?

Pelo jeito, em Campos, só pros proprietários de automóveis! Em seu segundo verão o "projeto cidadão" de Rosinha funciona mal para os usuários da linha que conduz os veranistas ao Farol.
No fim da tarde de ontem vivi a péssima experiência de retornar à praia campista no ônibus superlotado da viação Progresso. Mais cedo, com o coletivo recebendo lotação normal, ja havia me surpreendido com a diversidade de tarifas. Enquanto os usuários do "cartão cidadão" pagam a popular tarifa de R$ 1,00, os trabalhadores que utilizam o vale-transporte através do Rio card pagam R$ 6,65, e os demais usuários pagam uma tarifa "promocional" de R$ 3,00.
Cidadania deveria ser universal. Assim, sempre considerei um contrasenso a tarifa "cidadã" ser limitada aos que se submetem a serem inseridos num cadastro da Prefeitura. Se é um "projeto cidadão" e não há restrição de renda ou qualquer outra discriminação para que os munícipes possam usufruir da política dita social de transporte público, não há razão para que a tarifa "cidadã" não seja universal! Sempre especulo para que serve o tal cadastro do cartão cidadão. Não me inscrevi nem pretendo me inscrever no tal cadastro, prefiro pagar a tarifa cheia mesmo achando um absurdo ser por isso discriminado enquanto cidadão.
Contudo, apesar de tudo isso, nada justifica o desrespeito aos usuários moradores e veranistas observado nos horários de rush na linha do Farol. Transporte coletivo é concessão pública e direito de todos. Não é favor nem benesse, independente de quanto se paga pela passagem! Mesmo os beneficiários pela gratuidade são respaldados por um direito. Lamentável observar idosos viajarem mais de uma hora e meia em pé num coletivo superlotado. A linha em questão não atende somente os que se destinam ao Farol no verão, mas também a usuários que residem na baixada campista. Houvesse alguma visão e espírito público na direção da EMUT, nos meses de janeiro e fevereiro haveria ônibus "direto" para o Farol no mesmos horários dos coletivos "paradores" diariamente, ao menos nos primeiros horários da manhã e após as 17:00!
Não sei se a Prefeita Rosinha reassumiu de fato a gestão ou se está ocupando a antiga "casa do Prefeito" na nossa praia. Talvez ele tenha retornado pra curtir o verão carioca. Seria bom se S. Excia. pudesse ao menos fazer uma viagem de ônibus ao balneário da cidade num entardecer desses para sentir na pele o péssimo resultado de seu programa para, talvez, orientar pessoalmente sua reorientação. Por que parece que se depender da eficiência da equipe da EMUT... Os cidadãos campistas vão continuar contando com um péssimo transporte coletivo.
A propósito, se a Prefeita me permite uma sugestão, a imprensa especula mudanças no secretariado em pastas como Obras e Educação. Penso que o interesse público indicaria a EMUT como prioridade!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

2011: um ano para ficar na história




Estou um pouco atrasada neste post, mas desde o dia primeiro estou engasgada com isso. Porém, atrasada mesmo, está a cultura da nossa sociedade. Um ano histórico, onde a primeira mulher toma posse no cargo máximo do país, e imbecis - leia-se a mídia tupiniquim - fazem o favor de destacar a beleza da mulher do vice-presidente, além de ousar calúnias contra essa mesma pessoa - justamente por ser mulher. Será quais adjetivos sobraram para Michel Temer? Garanhão? Comedor de criancinhas ou outras bobagens semelhantes?
Pior é ouvir tantas bobagens de mulheres, elas mesmas, tão impregnadas pelo machismo renitente.
Destaco três ótimos post's sobre este assunto: Marcelo Semer, no portal Terra Magazine, ressalta:
"Enquanto o Brasil parava para ouvir o discurso de Dilma, parte dos twitteiros que acompanhavam plugados à cerimônia se deliciava fazendo comentários irônicos e maldosos sobre a primeira vice-dama, Marcela Temer. Loira, jovem e ex-miss, a esposa de Michel Temer virou imediatamente um trending topic. Foi chamada de paquita, diminuída a seus atributos físicos e acusada de dar o golpe do baú no marido poderoso e provecto. Tudo baseado na consolidação de um enorme estereótipo: diante da diferença de idade que supera quatro décadas e uma distância descomunal de poder, influência e cultura, só poderia mesmo haver interesses. Essa é uma pequena mostra do quanto Dilma deve sofrer para romper as barreiras atávicas do preconceito de gênero, ainda impregnadas na sociedade. Se não fosse justamente pela superação dos estereótipos, aliás, Dilma jamais teria chegado aonde chegou. Mulher. Divorciada. Guerrilheira. Ex-prisioneira. Quem diria que seria eleita para ser a chefe das Forças Armadas?"

Do blog Maria Frô:

"Sem dúvidas: nenhum preconceito resistiria à ausência de estereótipos, o primeiro necessita do segundo para se auto afirmar. Mas como se supera estereótipos? É uma ação individual? Uma ação coletiva? As manifestações sexistas, machistas e misóginas no twitter só reverberam com mais intensidade e mais insensatez o que muitos jornalistas da grande mídia fazem cotidianamente."

Quem sabe o exemplo de uma grande mulher, pouco elogiada - Mariza Leticia Lula da Silva, sirva de norte para todos. Hildegard Angel - quem diria - publicou excelente artigo no site Viomundo:

"
Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo.

Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam. Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos.

Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece."

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ensinar a pescar

PLANOS DE SAÍDA NO BOLSA FAMÍLIA

BOLSA FAMÍLIA TENTA AGREGAR BENEFICIÁRIOS À CLASSE MÉDIA
Ex-braço direito e integrante da chamada cota pessoal da presidente Dilma Rousseff, a economista Tereza Campello assumiu ontem o Ministério do Desenvolvimento Social com planos de transformar parte da clientela do Bolsa Família em uma nova categoria de empreendedores rurais e urbanos.
Nessa nova etapa, segundo apurou o Valor, o principal programa oficial de transferência de renda deve dar mais ênfase ao desenvolvimento empresarial das 12,9 milhões de famílias. Nos planos, estão a criação de uma espécie de "força-tarefa" institucional para criar, transferir e aplicar tecnologias em benefício da "nova classe média" resultante das políticas de redução da pobreza no país.
"As famílias do Bolsa Família têm microcrédito, crédito urbano, mas precisamos avançar. Temos de garantir a eles ascenderem, deixarem de precisar do Bolsa Família", disse Campello em sua concorrida cerimônia de posse. A nova ministra afirmou que é preciso adotar "programas complementares" aos beneficiários do bolsa. "Como o Pronaf, que tem crédito para produzir. Temos que fazer a inclusão de amplos contingentes dessa classe "C", que está consumindo", disse. Campello anunciou que haverá reajuste dos valores do Bolsa Família. "O reajuste sai logo. Vamos apresentar à presidente Dilma para definição", disse. Antes, porém, serão decididos conceitos como a linha da pobreza, metas, métodos e prestação de contas.
O ministério atuará mais fortemente, segundo Campello, no semi-árido, nos grandes centros urbanos, nas áreas desmatadas da Amazônia e indígenas. E terá como referência programas como o Territórios da Cidadania, plano de redução da pobreza e geração de renda rural que atua em 120 regiões do país. O programa combina 180 ações para organizar produção, infraestrutura, regularização fundiária, saneamento, água, educação e saúde em 1.852 municípios com menos de 50 mil habitantes.
Os planos incluem reunir as várias experiências de microcrédito e usar o conhecimento acumulado pela agência de apoio ao empreendedorismo (Sebrae) para estimular esse novo grupo social a abrir pequenos negócios. Essa chamada "porta de saída" estimularia investimentos em mercearias, restaurantes, cabeleireiros, revendas e "lan houses". A meta é financiar, via subsídios, todo tipo de máquinas, equipamentos e materiais de construção. O capital de giro inicial dessas empresas seria incluído como benefício nesta nova fase.
A estratégia da "forte intermediação do Estado" ajudaria a democratizar tecnologias, entende o governo. Além disso, haveria a garantia de aquisição direta da produção, de bens e serviços derivados dessas iniciativas. "Não há uma saída única. A inclusão produtiva com renda e emprego é a mais difícil", disse Tereza Campello. A ministra, que iniciará um tratamento contra um câncer de mama recidivo, explicado por seu marido e por sua médica, durante a solenidade de posse, com total transparência, a jornalistas, fez reiterados elogios ao ex-presidente Lula ao afirmar que o seu governo reduziu de 12% para 4,8% o índice de pobreza extrema no país. "Fizemos redução de renda e de poder", disse a um auditório repleto de ministros, parlamentares e militantes petistas. As diretrizes da presidente Dilma Rousseff incluem "calçar as havaianas" em instituições como Sebrae, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasile Banco do Nordeste. Quer dizer, aproximar o governo das demandas "mais humildes".
A meta de estar mais perto dessa classe emergente também deve elevar a demanda por serviços financeiros e bancários, por exemplo. Vender cartões, títulos de capitalização e seguros agradaria a outros clientes do governo e ajudaria a fechar esse círculo virtuoso, principalmente em pequenas e médias cidades.
O planejamento inicial do governo abrange a área rural, onde tem havido forte redução da pobreza. Cooperativas, Embrapa e Incra ajudariam a criar e transferir tecnologias para essa "nova classe C" rural. Um recente estudo do Centro de Política Sociais da Fundação Getúlio Vargas mostra que 4,3 milhões de pessoas deixaram as classes "D" e "E" para integrar a "nova classe média" até 2009. Essa categoria passou a dominar o cenário rural composto por 25,7 milhões de habitantes.
As cooperativas também seriam estimuladas a ampliar sua base de agricultores familiares em troca de mercados cativos na merenda escolar e nas compras oficiais das grandes cidades. O Incra daria mais ênfase no desenvolvimento dos assentamentos da reforma agrária, onde ainda há graves problemas de infraestrutura e escoamento da produção. Pelos planos, a Embrapa passaria a direcionar suas pesquisas básicas ao desenvolvimento e à transferência de novas tecnologias a esse público. O governo também planeja ampliar o papel da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nos programas de compra direta da produção rural e nos aspectos de comercialização de todos os tipos de produtos, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do país.


Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 03/01/2011