sábado, 8 de maio de 2010

Entrevista que vale por uma aula



Excelente a entrevista que o cientista político Renato Barreto concedeu ontem à Rádio NF. Conduzida pelo jornalista Álvaro Marcos, a conversa situou historicamente o governo Lula e traçou perspectivas para as eleições deste ano.Para ouvir a entrevista, clique aqui.
Postado por Vitor Menezes em http://urgente.blogspot.com/

O anti-Lula de Serra: sua verdadeira política econômica



Serra ficou furioso. Sua equipe econômica deu entrevista à agência Reuters e abriu o jogo, revelando o plano econômico real que, caso ganhasse o tucano, colocaria em prática, confirmando os principais neoliberais de Serra – os mesmos que orientaram seu governo em São Paulo. Serra esbravejou, esperneou, distribuiu broncas, ordenou que ninguém repercutisse nos partidos da imprensa. Mas já era tarde.

A primeira medida econômica de Serra seria um duro ajuste fiscal – como é típico dos governos neoliberais. Segundo revelado por dois membros da equipe econômica tucana, se promoveria a renegociação de contratos e o corte de despesas públicas – conforme o modelo do FMI. Esse seria o começo do “choque de gestão”, típico das gestões tucanas.“Ele vai entrar com medidas fiscais e até renegociação de alguns contratos”, disse a fonte tucana.”As despesas da máquina pública estão sob um controle muito frouxo...”

Critica-se o aumento das despesas públicas, uma suposta queda na arrecadação e as desonerações feitas para resistir aos efeitos da crise mundial. Anuncia que estão vigilantes sobre a cotação do real frente ao dólar. O papel dos bancos públicos seria “relativizado”, (...) significa baixo perfil, Estado mínimo, conforme o receituário neoliberal, para que os bancos privados possam ser absolutizados, possam ocupar mais espaço ainda.

Diz o tucano, na entrevista a Reuters, que o fortalecimento dos bancos públicos contribuiria para “aumentar a pressão inflacionária, ao aquecer em demasia a atividade” (sic), preocupação prioritária dos neoliberais, que não aprendem com o governo Lula que se pode – e se deve – aumentar os salários e diminuir as taxas de juros que, em um marco de crescimento com distribuição de renda, não apresentam riscos inflacionários. “Não acho que os bancos públicos precisam ter uma política tão protagonista (sic) neste pós-crise”, afirma a fonte, de forma coerente.

“Uma atuação menos arrojada, inclusive, poderia ser um dos caminhos para evitar a alta das taxas de juros a fim de controlar a inflação e as expectativas de preços”, comenta Reuters, a partir da conversa com membros da equipe econômica tucana.

A equipe serrista considera exagerados os estímulos fiscais dados pelo governo Lula durante a crise. “Não precisava dar para toda a linha branca e depois para móveis...” Parece que seguem acreditando que o próprio mercado tem mecanismos próprios de reativação econômica.

Apostam pouco na concretização de reformas como a tributária, em que o interesse seria apenas o de desonerar investimentos e folha de pagamento, sem nada que apontasse para uma estrutura tributária em que “quem ganha mais, paga mais”, como seria socialmente justo.

Então, a surpresa que Serra esconde é similar à de Carlos Menem e à de Carlos Andrés Perez: um grande pacote de ajuste, escondido sob o disfarce de um “choque de gestão”, tão a gosto do neoliberalismo tucano.

Emir Sader

Fonte: blog do Emir (http://www.cartamaior.com.br/)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Núcleo setorial: cultura



LOUVOR À DÚVIDA


Louvada seja a dúvida! Aconselho-vos que saudeis

serenamente e com respeito

àquele que pesa vossa palavra como uma moeda falsa.

Quisera que fostes avisados e não destes

vossa palavra com demasia confiança.

(...)

A dúvida, porém, mais formosa de todas

é quando os débeis e desalentados levantam a cabaça

e deixam de crer

na força dos seus opressores.

(...)

Em face dos irreflexivos que nunca duvidam,

estão os reflexivos que nunca atuam.

Não duvidam chegar à decisão senão

para eludir a decisão. As cabeças, só as utilizam

para sacudí-las. Com ar grave

advertem contra a água aos passageiros dos barcos

que se afundam.

(...)

De que serve poder duvidar

quem não pode decidir?

Pode atuar equivocadamente

quem se contenta com razões demasiadas escassas,

que necessite em demasia.

Tú, que és um dirigente, não olvides

que o és porque hás duvidado dos dirigentes.

Permita, portanto, aos dirigidos

duvidar.


Bertolt Brecht

Entre a "máquina" e o povo!

Matéria de destaque na edição semanal de Carta Capital diz respeito ao ostracismo a que foi relegado em Pernambuco, pela direção nacional do PT e pelo aliado local, o governador Eduardo Campos(PSB), o simpático e competente João Paulo, ex-prefeito de Recife, preterido na disputa com o ex-Ministro Humberto Costa pela vaga petista ao Senado. João Paulo, que fez o seu sucessor - o até então obscuro João da Costa, hoje seu desafeto - com folga, resolveu ceder aos apelos de Dutra e Cia. e decidiu não levar a disputa para prévias, candidatando-se à deputado federal, gesto maduro e partidário. A matéria ainda dá conta de especulações sobre possível saída de João Paulo da nossa legenda, hipótese descartada pelo mesmo.
Em janeiro, em breve passagem pela capital pernambucana, experimentei um dos métodos mais eficientes de aferição de informações de política local: o papo com taxista. O simpático jovem que me levou do Aeroporto de Guararapes até Itamaracá, onde se realizava Encontro da CONTEE para o qual fui convidado, disse que Costa andava meio em baixa com a população do Recife, que se não mudasse os rumos de sua gestão, talvez não viesse a ser bem sucedido na reeleição, e mais, que se o pleito de 2008 fosse então, talvez não tivesse vencido seu adversário, do DEM. Ele revelou ter votado em Costa por este ser o candidato de João Paulo, mas demonstrou ceticismo frente a hipótese de repetir o voto. Contudo, afirmou que votaria em João Paulo para qualquer cargo e que esse permanecia muito popular.
Ah, o rapaz pareceu merecer crédito. Afinal, me cobrou cerca de 23% a menos na corrida que um outro taxista a um companheiro do SINPRO-PA, pelo mesmo trajeto. Com o detalhe que eu me desloquei em horário de "bandeira 2"!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O PT do Rio ainda é o "patinho feio".

Matérias das edições de ontem dos principais matutinos dão conta de que articulações regionais em diversos Estados causam embaraços à nossa pré-candidata Dilma Roussef no que se refere à formalização da aliança com partidos como o PP e até mesmo com o PMDB.
O caso de Minas é emblemático. Fernando Pimentel é um dos coordenadores de campanha e um dos quadros partidários mais diretamente ligado à Dilma. Mas, recém-eleito candidato ao governo em prévias estaduais, por mais que queira atender os interesses estratégicos do projeto nacional, não pode simplesmente virar as costas à sua base e aos cidadãos mineiros. E olha que Helio Costa não é um político maculado por uma gestão em curso eivada de equívocos em áreas fundamentais como educação e segurança pública.
Há ainda problemas em outros estados como Bahia, Pará e Ceará, onde os Diretórios regionais do PT articulam legítimos interesses políticos do partido, o que causa dificultades e retarda a decisão do PMDB, que estica a corda e insiste na tática da chantagem e da barganha, sem compromisso maior com o interesse do país.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro a candidatura própria foi prematura e truculentamente abortada por ação da direção nacional, que, pelo jeito continua considerando este Diretório regional como o "patinho feio", isto é, o primeiro na lista de sacrifícios e de enquadramentos necessários. Este fato, certamente guarda relação com a falta de musculatura política e de representatividade social da nossa seção regional.
Quero crer que, conforme disse em reunião do Diretório municipal de Campos o líder da bancada na ALERJ Deputado Rodrigo Neves, a participação do partido num eventual segundo mandato de Cabral seja menos subalterna e inexpressiva e possa dialogar com a sociedade. Não podemos, por exemplo, prescindir de uma colaboração mais efetiva e transformadora no que se refere ao lamentável quadro da Educação pública na gestão do governador. Da mesma forma, a leição de Lindberg para o Senado é fundamental para a consolidação de uma liderança capaz e encarnar o papel de alternativa real à estagnação que os sucessivos governos do partido aliado impuseram ao Estado.

Novo Blog da vereadora Odisséia Carvalho

A vereadora Odisséia Carvalho inaugura o seu novo blog e justifica:
"Por questões de viabilidade técnica resolvemos hospedar nosso blog no Blogspot.
O endereço anterior no Wordpress fica, a partir de hoje, desativado.
Agradecemos a visita e contamos com a sua participação.
Vereadora Odisséia Carvalho
http://blogdaodisseia.blogspot.com/"

Torcemos para que este seja mais dinâmico e parabenizamos a sua equi
pe por ter aposentado o blog anterior .

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Núcleo do Humor

A guerra eleitoral já começou. O leitor mais atento já percebeu que várias estratégias estão sendo utilizadas para desqualificar os candidatos, obviamente que a mídia tem um alvo principal que é o Governo e a candidata Dilma. Já li em alguns sites e blogs que a oposição criou, inclusive, blogs ofensivos como "Gente que Mente" e "Petralhas", alusivos ao PT. O segundo, inclusive, se utiliza de termos extremamentes grosseiros para se referir ao presidente Lula e ao PT. Claro, também há aqueles que vociferam contra o Serra, mas, pelo menos os que eu leio, conservam a crítica de forma mais acertada. E vai vir muito chumbo grosso por aí. Não sou a favor das baixarias, mas achei este vídeo engraçado. Já li por aí que é uma montagem, mas, já que é só para descontrair, tirem suas conclusões. Do site Conversa Afiada, do (BOM) jornalista, Paulo Henrique Amorim: como se prevenir da gripe suína, by José Serra. Confiram aqui.

Evento cívico de qualidade


Acabou de se realizar um super evento: o lançamento da obra Economia do Norte Fluminense do professor e pesquisador da UENF Alcimar das Chagas Ribeiro. Na verdade, o que aconteceu na noite de hoje no Trianon foi muito mais do que isso. O caráter extra-ordinário da ocasião vem da oportunidade raríssima de comprometimento público de várias instâncias da elite pensante campista e regional. A mesa foi composta pelas mais importantes instuições públicas de conhecimento: UFF, UENF e IFF. FIRJAN e SEBRAE também se fizeram representar. A participação do governo municipal foi interessante pois demonstrou o seu "melhor", ou seja, os agentes governamentais responsáveis pela formulação e planejamento do desenvolvimento regional: os secretários de desenvolvimento/petróleo e finanças; os presidentes da FUDECAM e CIDAC.
Houve consenso em vários tópicos de discussão, mas principalmente sobre a novas oportunidades e desafios para região: os complexos portuários do Açú e de Barra do Furado e, é claro, a indústria do petróleo. Pois bem, a maior fonte de recursos e nosso maior problema. A secretaria de finanças confirma: os recursos dos royalties correspondem a 70% do orçamento municipal de Campos (em Macaé seria 60%), que por sua vez prefaz 1/3 do PIB municipal. Em suma, o panorama econômico traz potencialidades econômicas e grandes investimentos. Contudo, os desafios e riscos de "externalidades negativas" são eminentes.
O planejamento estratégico de nosso desenvolvimento deve construir mecanismos para maximizar o aproveitamento dos recursos naturais e, ainda, assimilar a vocação regional em termos de logística.
Mas nada disso se converterá em desenvolvimento social sem o investimento em capital humano. Por isso o questionamento do professor Silvério (UENF) foi decisivo: quais são os beneficiários "de sempre" dos ciclos econômicos? Para que haja consistente desenvolvimento humano (com o crescimento dos indicadores de renda, escolaridade e longevidade) essa riqueza em potencial tem que ser socializada com os cidadãos da região. Para tanto, além de aproveitar a "massa crítica" do saber acadêmico concentrado na região, o caminho fundamental é o da formação qualificada da mão de obra local. O professor Romeu (IFF), partindo da diferenciação entre nível de escolaridade e capacitação, fez uma proposta-desafio aos membros da mesa: uma urgente e sistemática pesquisa sobre o perfil da capacitação exigida dos nossos profissionais. Desafio que foi assimilado com promessa de encaminhamento. Outra proposta encaminhada com consenso foi a necessidade de se criar um fórum permanente de discussão sobre desenvolvimento, para que o conhecimento produzido possa ser socializado e a opinião pública possa cobrar do poder público as políticas necessárias.
Pois bem, como constatou o presidente da FUNDECAM: "Levando em consideração o volume de recursos (royalties) que circula aqui, nosso índice de desenvolvimento é vergonhoso."
Para que essa vergonha não se reproduza como uma maldição regional é absolutamente decisivo que obras como essa do professor Alcimar das Chagas Ribeiro se multipliquem. Criando condições para que possamos cobrar de modo informado e qualificado a responsabilidade dos gestores públicos.
Parabéns professor Alcimar e seu blog http://economianortefluminense.blogspot.com/

Câmara aprova texto principal do projeto Ficha Limpa



Ficha Limpa: Câmara aprova mais transparência para o processo eleitoral
O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira (4) o parecer do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) ao projeto do Ficha Limpa (PLP 518/09), que trata da proibição de candidaturas de pessoas com pendências judiciais. A proposta de iniciativa popular chegou à Câmara com o respaldo de 1,5 milhão de assinaturas.
A votação teve o apoio de todos os líderes partidários. Falta apreciar os destaques ao texto para concluir a votação da proposta.
O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), afirmou que o projeto "responde a preocupações da sociedade em relação a qualidade da política e dos políticos participantes dos pleitos, além da melhoria da própria imagem do Congresso Nacional", disse Ferro.
O deputado José Genoíno (PT-SP) avaliou como positivo o trabalho realizado pelo relator. "Em política, toda vez que o maniqueísmo se radicaliza, a lucidez é sequestrada por um processo de verdade absoluta de um lado ou de outro. O relator buscou quebrar essa situação".
Pelo texto aprovado ficarão inelegíveis por oito anos as pessoas que perderem o registro ou tiverem seus diplomas de eleito cassados por decisão da Justiça Eleitoral. Nos casos de crimes de abuso de autoridade, ficará inelegível quando houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública.
No relatório aprovado, José Eduardo Cardozo determina que, caso seja concedido o efeito suspensivo, o tribunal dará prioridade ao processo contra o candidato. "Dessa forma, quem obtiver a permissão para ser candidato verá também o processo contra si ser acelerado". Isso, acrescentou Cardozo, "vai desestimular aqueles pretensos candidatos que realmente têm a ficha suja de recorrer ao tribunal superior para conseguir ser candidato", disse.
Em seu texto, José Eduardo Cardozo manteve toda a estrutura principal do projeto Ficha Limpa, de iniciativa popular. "Mas avançamos com sugestões de parlamentares e do próprio Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Incluímos no texto, por exemplo, a inelegibilidade para quem faz doações para campanhas de forma ilegais", ressaltou o petista.

Paralisação da FAETEC


 A convocação é do xará Gustavo Soffiati.

PARALISAÇÃO DE 24 HORAS
5 DE MAIO DE 2010
COM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA ALERJ, PALÁCIO TIRADENTES, SALA 316, 10 HORAS.

Os servidores da FAETEC realizarão uma paralisação de 24 horas no dia 5 DE MAIO e participarão da Audiência Pública da Comissão de Educação da Alerj, com a presença do presidente da FAETEC, Celso Pansera. O governo estadual segue com o completo descaso para com os servidores públicos estaduais, que amargam vários anos de perdas salariais e não tem seus direitos respeitados. A FAETEC não faz concurso público para o ensino básico desde 2002, estamos sem Vale-Transporte também há 8 anos e o governador Sergio Cabral Filho não se pronunciou até hoje sobre reajuste salarial para o funcionalismo público, apesar da inflação corroer nossos salários e os preços de todas as mercadorias aumentarem a cada dia ...
O governo deu míseros 12% de reajuste salarial em 2007 e 2008, mas nossas perdas são muito maiores do que isso! Queremos 48% de reposição de perdas salariais! Queremos o pagamento dos nossos direitos trabalhistas! Por isso, vamos mostrar ao senhor Celso Pansera que não está tudo bem e que merecemos respeito!

Desrespeitar o servidor público é desrespeitar a população, que utiliza os serviços públicos!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Lula, as elites e o vira-latas



Seguindo outros grandes meios de comunicação globais, a revista Time escolheu – na semana passada - o presidente Lula como o líder mais influente do mundo. A notícia repercutiu em todo o mundo, sendo matéria de primeira página, no jornalão El País.

Elite e preconceito
Na verdade a matéria o apontava como o homem mais influente do mundo, posto que nem só políticos fossem alinhados na larga lista composta pelo Time. Esta não é a primeira vez que Lula merece amplo destaque na imprensa mundial. Os jornais Le Monde, de Paris, e o El País, o mais importante meio de comunicação em língua espanhola (e muito atento aos temas latino-americanos) já haviam, na virada de 2009, destacado Lula como o “homem do ano”. O inédito desta feita, com a revista Time, foi fazer uma lista, incluindo aí homens de negócios, cientistas e artistas mundialmente conhecidos. Entre os quais está o brasileiro Luis Inácio da Silva, nascido pobre e humilde em Caetés, no interior de Pernambuco, em 1945, o presidente do Brasil aparece como o mais influente de todas as personalidades globais. Por si só, dado o ponto de partida da trajetória de Lula e as deficiências de formação notórias é um fato que merece toda a atenção. No Brasil a trajetória de Lula tornou-se um símbolo contra toda a forma de exclusão e um cabal desmentido aos preconceitos culturalistas que pouco se esforçam para disfarçar o preconceito social e de classe.

É extremamente interessante, inclusive para uma sociologia das elites nacionais, que o brasileiro de maior destaque no mundo hoje seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com grande déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a lista do Time. Daí a resposta das elites: o silêncio sepulcral!


Lula Líder Mundial
Desde 2007 a imprensa mundial, depois de colocá-lo ao lado de líderes cubanos e nicaraguenhos num pretenso “eixinho do mal”, teve que aceitar a importância da presença de Lula nas relações internacionais e reconhecer a existência de uma personalidade original, complexa e desprovida de complexos neocoloniais. Em 2008 a Newsweek, seguida pela Forbes, admitiam Lula como um personagem de alcance mundial. O conservador Financial Times declarava, em 2009, que Lula, “com charme e habilidade política” era um dos homens que haviam moldado a primeira década do século XXI. Suas ações, em prol da paz, das negociações e dos programas de combate à pobreza eram responsáveis pela melhor atenção dada, globalmente, aos pobres e desprovidos do mundo.

Mesmo no momento da invasão do Iraque, em busca das propaladas “armas de destruição em massa”, Lula havia proposto a continuidade das negociações e declarado que a guerra contra a fome era mais importante que sustentar o complexo industrial-militar norte-americano.

Em 2010, em meio a uma polêmica bastante desinformada no Brasil – quando alguns meios de comunicação nacionais ridicularizaram as propostas de negociação para a contínua crise no Oriente Médio – o jornal israelense Haaretz – um importante meio de comunicação marcado por sua independência – denominou Lula de “profeta da paz”, destacando sua insistência em buscar soluções negociadas para a paz. Enquanto isso, boa parte da mídia brasileira, fazendo eco à extrema-direita israelense, procurava diminuir o papel do Brasil na nova ordem mundial.

Lula, talvez mesmo sem saber, utilizando-se de sua habilidade política e de seu incrível sentido de negociações, repetia, nos mais graves dossiês internacionais, a máxima de Raymond Aron: a paz se negocia com inimigos. As exigências, descabidas e mal camufladas de recusa ás negociações, sempre baseadas em imposições, foram denunciadas pelo presidente brasileiro. Idéias pré-concebidas estabelecendo a necessidade de mudar regimes para se ter a paz ou usar as baionetas para garantir a democracia foram consideradas, como sempre, desculpas para novas guerras. Lula mostrou-se, em várias das mais espinhosas crises internacionais, um negociador permanente. Foi assim na crise do golpe de Estado na Venezuela em 2002 (quando ainda era candidato) e nas demais crises sul-americanas, como na Bolívia, com o Equador e como mediador em crises entre outros países.

Lula negociador
O mais surpreendente é que o reconhecimento internacional do presidente brasileiro não traz qualquer orgulho para a elite brasileira. Ao contrário. Lula foi ridicularizado por sua política no Oriente Médio. Enquanto isso o presidente de Israel, Shimon Perez ou o Grande-Rabino daquele país solicitavam o uso do livre trânsito do presidente para intervir junto ao irascível presidente do Irã. Dizia-se aqui que Lula ofendera Israel, enquanto o Haaretz o chamava de “profeta da paz” e a Knesset (o parlamento de Israel) o aplaudia em pé. No mesmo momento o Brasil assinava importantes acordos comerciais com Israel.

Ridicularizou-se ao extremo a atuação brasileira em Honduras, sem perceber a terrível porta que se abria com um golpe militar no continente. Lula teve a firmeza e a coragem, contra a opinião pública pessimamente informada, de dizer e que “... a época de se arrancar presidentes de pijama” do palácio do governo e expulsá-los do país pertencia, definitivamente, a noite dos tempos.

Honduras teve que arcar com o peso, e os prejuízos, de sustentar uma elite empedernida, que escrevera na constituição, após anos de domínio ditatorial, que as leis, o mundo e a vida não podem ser mudados. Nem mesmo através da expressa vontade do povo! E a elite brasileira preferiu ficar ao lado dos golpistas hondurenhos e aceitar um precedente tenebroso para todo o continente.
Brasil, país no mundo!
Também se ridicularizou a abertura das relações do Brasil com o conjunto do planeta. Em oito anos abriu-se mais de sessenta novas representações no exterior, tornando o Brasil um país global. Os nostálgicos do “circuito Helena Rubinstein” – relações privilegiadas com Nova York, Londres e Paris – choraram a “proletarização” de nossas relações. Com a crise econômica global – que desmentiu os credos fundamentalistas neoliberais – a expansão do Brasil pelo mundo, os novos acordos comerciais (ao lado de um mercado interno robusto) impediram o Brasil de cair de joelhos. Outros países, atrelados ao eixo norte-atlântico e aqueles que aceitaram uma “pequena Alca”, como o México, debatem-se no fundo de suas infelicidades. Lula foi ridicularizado quando falou em “marolhinha”. Em seguida o ex-poderoso e o ex-centro anti-povos chamado FMI, declarou as medidas do governo Lula como as mais acertadas no conjunto do arsenal anti-crise.

Mais uma vez silêncio das elites brasileiras!

Lula foi considerado fomentador da preguiça e da miséria ao ampliar, recriar, e expandir ações de redistribuição de renda no país. A miséria encolheu e mais de 91 milhões de brasileiros ascenderam para vivenciar novos patamares de dignidade social... A elite disse que era apoiar o vício da preguiça, ecoando, desta feita sabendo, as ofensas coloniais sobre “nativos” preguiçosos. Era a retro-alimentação do mito da “pereza ibérica”. Uma ajuda de meio salário, temporária, merece por parte da elite um bombardeio constante. A corrupção em larga escala, dez vezes mais cara e improdutiva ao país que o Bolsa Família, e da qual a elite nacional não é estranha, nunca foi alvo de tantos ataques.

A ONU acabou escolhendo o Programa Bolsa Família como símbolo mundial do resgate dos desfavorecidos. O ultra-conservador jornal britânico The Economist o considerou um modelo de ação para todos os países tocados pela pobreza e o Le Monde como ação modelar de inclusão social.

Mais uma vez a elite nacional manteve-se em silêncio!

Em suma, quando a influente revista, sem anúncios do governo brasileiro, Time escolhe Lula como o líder mais influente do mundo, a mídia brasileira “esquece” de noticiar. Nas páginas internas, tão encolhidas como um vira-lata em dia de chuva noticia-se que Lula “... está entre os 25 lideres mais influentes do mundo”. Errado! A lista colocava Lula como “o mais” influente do mundo.

Agora se espera o silêncio da elite brasileira!

Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Criada a Comissão Estadual de Combate ao Trabalho Escravo no RJ



Foi deliberada nesta segunda-feira, dia 03/05, a criação da Comissão Estadual de Combate ao Trabalho Escravo no Rio de Janeiro. A mobilização aconteceu durante o encontro da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) que reuniu representantes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Justiça do Trabalho, do Poder Legislativo, da Ordem dos Advogados do Brasil, e da sociedade civil.
A abertura do encontro foi feita pelo ministro Paulo de Tarso Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e presidente da Conatrae. Ele ressaltou a necessidade de se criar um braço da Conatrae no Estado do Rio com o objetivo de intensificar a atuação do poder público e sociedades civis no combate ao trabalho escravo.
Segundo dados do Ministério Público do Trabalho, no ano passado, foram resgatados cerca de 750 trabalhadores durante inspeções realizadas em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego, Polícias Federal e Rodoviária Federal. A Chefe da Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Vera Albuquerque, disse que, apesar das dificuldades operacionais, as fiscalizações têm sido promovidas em parceria com órgãos afins, como o MPT.
Assim como o Ministério do Trabalho, que encontra limitações quanto à necessidade de recursos financeiros e humanos, o Ministério Público do Trabalho também encontra limitações com relação ao número reduzido de procuradores.
O deputado estadual Alessandro Molon (PT-RJ) disse que, assim como os Governos federal e estadual se uniram para trazer ao Rio de Janeiro eventos esportivos de grande porte, como os Jogos Olímpicos de 2016, a mesma iniciativa poderia ser tomada para combater o trabalho escravo. "A situação é grave no nosso Estado. É um desafio sair da inércia e colocar em prática medidas de combate ao trabalho escravo", disse o parlamentar, ressaltando a importância da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional nº 438 que trata da expropriação de terra.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mais da mídia


Não há dúvidas sobre a influência da mídia tradicional no dia-a-dia do cidadão, principalmente a TV. Marcelo Salles, no site Fazendo Media, destaca em seu artigo: "A mídia é, hoje, a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, a mídia é essencial para determinar formas de sentir, pensar, agir e viver tanto de indivíduos quanto de instituições. No caso brasileiro, temos apenas sete emissoras de televisão para uma população de 190 milhões de habitantes. Dessas sete, seis são comerciais e estão a serviço do lucro a qualquer preço, da exploração do nosso povo e do assalto às riquezas nacionais." Neste mesmo artigo ele destaca que apenas 26% da população entende o que lê. Portanto, quantos são capazes de compreender o debate sobre o socialismo, o papel do estado na vida das pessoas e qual real papel da mídia nesse contexto. Comecei a pensar nisso devido a entrevista do diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, ao Jornal da Noite, da Band. (aqui). De uma forma totalmente parcial, os jornalistas Boris Casoy e Fernando Mitre, tentam, ainda bem, em vão, direcionar as respostas do convidado!!!! Cada vez mais a mídia consegue demonstrar sem o mínimo pudor como se manipula a informação. Ou seja, o tempo em que as mensagens eram subliminares já passou. Agora a mídia é descaradamente partidária.
Aprendi na faculdade que o jornalista deve apresentar a notícia com imparcialidade, pelo menos, o BOM jornalista. Isso é uma vergonha!

domingo, 2 de maio de 2010

Lula: "A classe trabalhadora mostrou que sabe dirigir o Brasil!"




Lula: “A classe trabalhadora mostrou que sabe dirigir o Brasil”

“Só conseguimos fazer tudo o que fizemos porque no coração de cada um de vocês tem um Lulinha escondido. Para dar tudo isso cada um sabe o que fazer”, disse o presidente Lula ao concluir sua fala no ato do 1º der Maio no Paço de São Bernardo.

Antes, ele avisou que daqui a oito meses deixará a presidência da República e voltará a São Bernardo de cabeça erguida, já que demonstrou que a classe trabalhadora sabe governar o País.

Para Lula, ninguém está mais preparado para governar o Brasil que os trabalhadores, lembrando que a indústria automobilística vai investir 15 bilhões de reais em cinco anos, que até o final de seu governo serão criadas 14 novas universidades e 214 escolas técnicas, enquanto o Pro Uni colocou neste ano 726 mil jovens da periferia nas faculdades.

O presidente disse que quem manda aqui é o povo brasileiro e que o País aprendeu a gostar de si com orgulho. Ele destacou que aqui no ABC a classe trabalhadora ganhou consciência política e está mais organizada, tanto que tem salários melhores que em outras regiões do País e que nos últimos sete anos conquistou aumento real de salário.

“Além disso, em 1978 havia apenas um vereador de esquerda em toda a região e hoje estamos nas prefeituras de São Bernardo, Mauá, Diadema, Osasco e Guarulhos. É que o papel da classe trabalhadora, além de reivindicar, era o de dirigir”, comentou.

Também presente ao ato, Marta Suplicy disse que o legado de Lula tem de continuar. “O olhar de uma mulher vai fazer a diferença”, lembrou.

O senador Aloísio Mercadante disse que no governo Lula o salário mínimo cresceu 74% e que hoje ele é o político mais respeitado do planeta. “Não podemos deixar que esse projeto histórico se perca”. Vamos à luta para continuar mudando o Brasil”, afirmou.

Já a ex-ministra Dilma Rousseff lembrou que neste 1º de Maio o Brasil é um dos poucos países que não está lutando por emprego, já que a crise fechou milhões de postos de trabalho.

“Lula criou o alicerce de uma nova era de prosperidade e hoje temos condições de ter um futuro melhor e com mais confiança, comentou, afirmando que a transformação e a esperança são as duas palavras que sintetizam o Brasil.

“Precisamos garantir que o legado de Lula não seja interrompido”, concluiu.