domingo, 28 de março de 2010

CIDADE TRISTE

Por ocasião dos 175 anos da nossa cidade, trago a público parte de um oportuno e atual artigo (publicado no jornal A Cidade na década de 70) do saudoso escritor campista, Waldir Carvalho. Meu avô era adepto de um saudável bairrismo e gostava de defender algumas felizes tradições locais de outrora como a "exibição de nossas bandas de música em praça pública" quando "a gente sofrida, não sentia o aumento dos preços da alimentação, a alta das taxas de água, luz e dos próprios impostos cobrados pela Prefeitura". Portanto, o texto em questão reage ao abandono dessa tradição e, de modo mais amplo, critica a atitude de ambígua "vergonha" dos campistas perante seus costumes e o sistemático desinteresse do poder municipal pela qualidade de vida dos seus cidadãos.

"Cidade Triste

Os problemas para nós sempre existiram. Continuam existindo. Tudo sobe, há falta de dinheiro, e o pior há falta de trabalho. As dificuldades de hoje, quando a cidade cresce e a população, idem, se avolumam assustadoramente. E para acentuar ainda mais a tristeza, a amargura na planície, nos falta a música em praça pública, pelas ruas. Não há, sequer, retreta aos domingos, ainda que em lugar de dobrados e valsas, fosse tocada a 'música pop'. Não há nada disso. À noite, e aos domingos, não há mais razão para o campista sair de casa. A praça São Salvador é um vazio tremendo. A maioria das confeitarias permanece fechada. Com portas de aço descidas, o jardim sem ninguém, a praça sem coreto, sem música, sem alegria. Campos é mesmo uma cidade triste, cujo o povo parece passar por um grande desgosto.
Os governantes não sentem nada disso. Comparada a um boxer, a municipalidade é um verdadeiro contraste. Enquanto o pugilista só quer dar e nunca receber, a Prefeitura, pensa sempre em receber e, raramente em dar..."

2 comentários:

Anônimo disse...

Onde estão os textos do Douglas da Mata?

Gustavo Carvalho disse...

Agora em novo e libertário endereço:http://planicielamacenta.blogspot.com/