A postura dos EUA frente ao acordo diplomático firmado por Brasil/Irã/Turquia não só cancela a utopia de um mundo muitipolar como reedita mais um episódio da velha trama do imperialismo. Na verdade a sua dimensão mais visível e odiosa: a hibris narcísica de quem opera a realpolitik segundo seus interesses exclusivos. Nesse contexto, pior do que a atitude abertamente hostil de Hilary Clinton (acusando os esforços diplomáticos do governo Lula de "ingenuidade" instrumentalizada) é a ambiguidade calhorda de Obama e seu decepcionante governo.
Como síntese dessa problemática podemos recorrer às palavras do economista Luiz Gonzaga Belluzzo no artigo A supremacia da ignorância: "O narcisismo moral americano não precisa de adjetivos em sua mostruosa objetividade. (...) A supremacia apoiada na superioridade das armas e no despotismo da economia desregulamentada dispensa mediações da ordem jurídica e não quer e não precisa compreender nada. O mundo em que tentamos sobreviver é uma prova diária da degeneração da razão ocidental, transformada e objetivada na execução desabrigada dos métodos de domínio."
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