terça-feira, 16 de março de 2010

Para quem "não mudou de lado".

Professor Mário Furley também questiona as razões envolvidas no caso W. Love:
"Os ataques agora são contra Wagner Love. Mas na verdade o ataque não é contra o jogador, mas contra os pobres. A velha e boa criminalização da pobreza. Eu vi a entrevista do Wagner Love no JN. O cara tava calmo, olhando firme, voz segura e disse o que é óbvio: que ele nasceu em comunidade, então viu gente armada na rua desde pequeno. Vários amigos de infância se tornaram bandidos e até morreram. Ele continua amigo deles mas isso não significa que seja bandido (fala sério, jogador como ele já ganhou mais do que um quartel inteiro do Bope recebe - quer dizer, o recebe no contra-cheque, claro...). Comparecer em festa na Rocinha não é crime. Se lá tem um bando de cara armado, você não é criminoso por isso. Todo mundo sabe que o cotidiano da favela é conviver com os traficantes armados até os dentes. O cidadão comum não tem opção. E não são nítidas as linhas entre o público e o privado (epa! os traficantes armados são o público!). A palhaçada contra Adriano e agora contra Wagner Love é um ataque aos que vivem sob o regime do terror do nazi-narcotráfico, bota a culpa nas vítimas e exige que os jogadores, regiamente pagos para que se afastassem de suas origens, assumam o outro lado. O jogador que continua a conviver com a comunidade, que ainda se dá bem com amigos de infância ou com pessoas das condições de seu passado, seja Garrinch aou Cafu no passado, Adriano ou W. Love agora, são pessoas que devem encher de orgulho seus amigos. Não se venderam. E deve ser por isso que irritam tanto. Onde já se viu, preto com dinheiro ir a baile na favela? Namorar branca oxigenada ainda pode, mas ser amigo de pobre? O que é que se pretende com isso tudo? Dizer que jogador de futebol é ex-favelado e por isso não tem mais permissão de se juntar a ralé de onde saiu? Deixar claro que a lei igual para todos é a lei que diz que todos que se igualam na riqueza são proibidos se confraternizar com o povão? Que lugar de rico é na casa-grande? Que lugar de pobre é que na senzala?"

10 comentários:

douglas da mata disse...

Não basta retirar o cara da favela, eles querem tirar a "favela" de dentro deles, nem que seja à força.

grande texto do Mário.

E aí Gustavo, você conhece o Mário?

Roberto Torres disse...

Quem conhece esse Mário? Muito bom o texto.

Gustavo Carvalho disse...

Quê Mário?... Dã... Douglinhas, cê conhece o Lôcha?...

Juninho Play disse...

Ah, sim, claro, como tb é normal amarrar a mulher na árvore...

Não vejo a mesma leniência pra comentar as festinhas e os convivas do Chebabe, bem como as festinhas com as meninas de guarus, mesmo quem ia lá só pra olhar, meter o nariz e tomar umas e outras.

Des Grieux disse...

Esse Super Mário gosta de pisar em tartaruga e entrar pelo cano. O Ali Kamel está certo, deveriam enviar este professor sem formação para algum gulag e obrigá-lo a fazer a revisão do seu livro vermelho.

Anônimo disse...

Reeducação política para Mário Furley! Quem não conhecece esse comunista FDP? Não é por acaso que o seu livreco (na verdade um panfleto do PT) de história foi banido. Ter que aturar esse papo de modo de produção e uat de classes é ridículo...

rufus disse...

Nossa!!! Esse blog anda muito mal frequentado.
Ali Kamel é um notório reacionário e lacaio das elites conservadoras que vão vendo seu "candidato-vampiro" indo pro caralho. Isso talvez explique a indelicadeza de reaças menos cotados como esse imbecis que resolveram baixar por aqui.
Xô gentalha!!!
Será que Juninho "Prei" consultou o Houaiss pra aprender o significado de leniência? Ora, vá se fuder!!!
E esse tal de Des Grieux? Que porra é essa? Vá estudar história antes de dar pitaco errado em discussão séria...
Vão falar bobagens no "Opiniões"!

douglas da mata disse...

Juninho Play, caro comentarista.

Um dos principais vícios de quem apresenta poucos argumentos ao debate, é nivelar as situações, e trocar uns erros por outros.

Vamos lá:

Ninguém defende as atrocidades que possam ter sido cometidas por Adriano, ou por quem quer que seja.

O fato é: Onde estão as provas de que isso ocorreu, senão corremos o risco de falar por hipóteses.

Não me diga que "versões do jornalismo marrom" contam como prova, não somos ingênuos assim.

Bom, ainda que falemos "EM TESE", sobre fatos que não temos certeza que ocorreram, eu repito:

O mote do texto foi a hiprocisia moralista, que:

1.Alçou Chebabe e seus convivas(nas suas palavras)a condição de semi-deuses do Olimpo social, enquanto sonegavam, fraudavam e cometiam toda a sorte de ilegalidades, tudo em nome da "liberdade de empresa";

2.Faz nossa sociedade tolerar os "herdeiros" das grandes empresas de mídia(isso vem desde alairzinho), e suas "peripécias", quer seja pela 28 de março, quer seja "brincando de lobo mau e chapeuzinho";

3.E por fim, aponta o dedo ao Adriano, que também faz das suas, mas só recebe críticas porque não está do "lado certo", ou seja: o lado de quem acha que pode ditar comportamentos.


A respeito do Ali Kamel, bom, eu nem vou retrucar tamanha idiotice.

Não vale à pena.

Juninho Play disse...

Rufus, senta! Agora abana o rabo e vai saindo! mimimi whiskas sachê. Contraponha com argumentos, dispenso sua consulta linguística. Ali Kamel que se foda, conjuntamente com o Mario Furley. São duas faces da mesma moeda.

Caro Douglas, note que, mesmo em poucas linhas, o que procurei demonstrar quanto ao texto do Mário foi justamente a propositura de argumentos pífios, somados à troca de uns erros pelos outros.

São claras e cristalinas as preferências pessoais da grande mídia no que tangem separar e eleger quais sejam seus cúmplices e seus inimigos capitais.

Ocorre que o texto em questão não se limita apontar tal fato, mas também em demarcar a posição contrária, repetindo o erro que aponta. Todo o texto pode ser reescrito sob o viés da aristocracia campista.

Pra mim, tão nobre quanto frequentar festas de gente que banca o convescote com grana do tráfico, portando armas ilegalmente, é frequentar a feijoada, a paella do pessoal que vende e negocia o verbo.

Francisco, personagem fictício, que frequenta casa e festa do moteleiro/lojista que nega ao fisco e aos seus empregados o que que lhes são devidos é tão vagabundo moralmente quanto W. Love. E Francisco pode também dizer olhando firme, calmo e com voz segura que nasceu e cresceu no metiê da realeza. Afinal, andar com sonegador fiscal/trabalhista não é crime.

O jornal fala do Adriano porque ele anda com preto, pobre. Mas não fala do Francisco, aliás, fala bem, por que ele anda com rico, se bandidos é mero detalhe.

O Mário fala dos ricos, por que andam com outros ricos. Mas não fala do Adriano, aliás, fala bem, porque ele continua andando com os pobres, se bandidos é mero detalhe.

Ou seja, legitima-se a conduta, cada qual, por classe social.

Pro jornal salvaguarda pra delinquinquir é ter dinheiro.

Pro Mário álibi pra banditismo é ser preto, pobre e morador de favela.

Salvo se o que se queira garantir seja vez, voz e mídia também pro bandido pobre. Aí, sim, estará tudo coerente e nos conformes.

De cá, ainda prefiro apontar o dedo pra cara do Chebabe e seus convivas, traficantes e seus convivas Império do amor e cia e dizer: é tudo bandido.

douglas da mata disse...

Caro Juninho,

Permita-me continuar o debate.

Primeiro, não teno procuração para defender o Mário. Ele que o faça, se assim desejar.

Portanto, esse debate com corte pessoal, para mim não serve.

Vamos as idéias:

Se entendi bem, você pretende estabelecer um patamar onde tanto uns, quanto outros sejam alvo de críticas, e eu tenho uma certa inclinação a concordar.

Mas veja que essa inclinação, logo, logo, sucumbe a uma preocupação:

Os motivos que levam Adriano e Chebabe ou outros "plays" a adotar certas condutas é distinto, assim como é distina sua origem de classe, e os efeitos que essas peculiaridades têm, tanto para a sociedade e nossa escala de valores, quanto na vida dessas personas públicas.

Lógico que nem um caso, nem outro é álibi para o que quer que seja, mas esperar que uma pessoa que foi cercada de miséria, exclusão e de valores impregnados de violência e precariedade, aja como "manda o figurino" ditado pela Globo e etc, é um pouco demais.

Retomemos outra questão: Nenhum dos dois, nem Wagner L., nem Adriano cometeram crime algum, a não ser a questão da mulher amarrada, que, REPITO, não foi provado, nem sequer ela apresentou notícia às Autoridades.

Já os outros que mencionamos, cometem, SIM, crimes, e constróem sua imagem pública baseada em práticas que todos deviam rejeitar.

Adriano e Wagner L. jogam futebol, e isso não é crime.

Outro ponto é:

Não há como avaliar a conduta, fazer um juízo de valor sem um viés de classe. AScho que essa foi a proposta do Mário.

Assim, defendo um tratamento isonômico, ou seja: aos desiguais, tratamento desigual.

Um abraço.


PS: quero um filhote dessa ninhada desse caso seu com o Rufus.