LOUVOR À DÚVIDA
Louvada seja a dúvida! Aconselho-vos que saudeis
serenamente e com respeito
àquele que pesa vossa palavra como uma moeda falsa.
Quisera que fostes avisados e não destes
vossa palavra com demasia confiança.
(...)
A dúvida, porém, mais formosa de todas
é quando os débeis e desalentados levantam a cabaça
e deixam de crer
na força dos seus opressores.
(...)
Em face dos irreflexivos que nunca duvidam,
estão os reflexivos que nunca atuam.
Não duvidam chegar à decisão senão
para eludir a decisão. As cabeças, só as utilizam
para sacudí-las. Com ar grave
advertem contra a água aos passageiros dos barcos
que se afundam.
(...)
De que serve poder duvidar
quem não pode decidir?
Pode atuar equivocadamente
quem se contenta com razões demasiadas escassas,
que necessite em demasia.
Tú, que és um dirigente, não olvides
que o és porque hás duvidado dos dirigentes.
Permita, portanto, aos dirigidos
duvidar.
Bertolt Brecht
Nenhum comentário:
Postar um comentário