quarta-feira, 5 de maio de 2010

Evento cívico de qualidade


Acabou de se realizar um super evento: o lançamento da obra Economia do Norte Fluminense do professor e pesquisador da UENF Alcimar das Chagas Ribeiro. Na verdade, o que aconteceu na noite de hoje no Trianon foi muito mais do que isso. O caráter extra-ordinário da ocasião vem da oportunidade raríssima de comprometimento público de várias instâncias da elite pensante campista e regional. A mesa foi composta pelas mais importantes instuições públicas de conhecimento: UFF, UENF e IFF. FIRJAN e SEBRAE também se fizeram representar. A participação do governo municipal foi interessante pois demonstrou o seu "melhor", ou seja, os agentes governamentais responsáveis pela formulação e planejamento do desenvolvimento regional: os secretários de desenvolvimento/petróleo e finanças; os presidentes da FUDECAM e CIDAC.
Houve consenso em vários tópicos de discussão, mas principalmente sobre a novas oportunidades e desafios para região: os complexos portuários do Açú e de Barra do Furado e, é claro, a indústria do petróleo. Pois bem, a maior fonte de recursos e nosso maior problema. A secretaria de finanças confirma: os recursos dos royalties correspondem a 70% do orçamento municipal de Campos (em Macaé seria 60%), que por sua vez prefaz 1/3 do PIB municipal. Em suma, o panorama econômico traz potencialidades econômicas e grandes investimentos. Contudo, os desafios e riscos de "externalidades negativas" são eminentes.
O planejamento estratégico de nosso desenvolvimento deve construir mecanismos para maximizar o aproveitamento dos recursos naturais e, ainda, assimilar a vocação regional em termos de logística.
Mas nada disso se converterá em desenvolvimento social sem o investimento em capital humano. Por isso o questionamento do professor Silvério (UENF) foi decisivo: quais são os beneficiários "de sempre" dos ciclos econômicos? Para que haja consistente desenvolvimento humano (com o crescimento dos indicadores de renda, escolaridade e longevidade) essa riqueza em potencial tem que ser socializada com os cidadãos da região. Para tanto, além de aproveitar a "massa crítica" do saber acadêmico concentrado na região, o caminho fundamental é o da formação qualificada da mão de obra local. O professor Romeu (IFF), partindo da diferenciação entre nível de escolaridade e capacitação, fez uma proposta-desafio aos membros da mesa: uma urgente e sistemática pesquisa sobre o perfil da capacitação exigida dos nossos profissionais. Desafio que foi assimilado com promessa de encaminhamento. Outra proposta encaminhada com consenso foi a necessidade de se criar um fórum permanente de discussão sobre desenvolvimento, para que o conhecimento produzido possa ser socializado e a opinião pública possa cobrar do poder público as políticas necessárias.
Pois bem, como constatou o presidente da FUNDECAM: "Levando em consideração o volume de recursos (royalties) que circula aqui, nosso índice de desenvolvimento é vergonhoso."
Para que essa vergonha não se reproduza como uma maldição regional é absolutamente decisivo que obras como essa do professor Alcimar das Chagas Ribeiro se multipliquem. Criando condições para que possamos cobrar de modo informado e qualificado a responsabilidade dos gestores públicos.
Parabéns professor Alcimar e seu blog http://economianortefluminense.blogspot.com/

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