segunda-feira, 31 de maio de 2010

O que diria Primo Levi?

Meu amigo Mário Furley é categórico (truísmo): ser favorável a existência do Estado Judeu é ser sionista! Portanto, se é o direito à soberania de um povo está em questão, sou sionista. Contudo, quando Israel nega esse reconhecimento aos palestinos e os submetem a um estado de exceção ad infinitum faz o homem bomba o "herói do nosso tempo".

Como admirador de Primo Levi, sobrevivente da Soha (vulgo Holocausto) autor de clássicos da "literatura de sobrevivência" como É Isto Um Homem?, fico a pensar o que ele pensaria da ocupação totalitária de Israel em Gaza e seu mais atual massacre. Para formar seu próprio juízo, compare o depoimento de Primo Levi com a carta da brasileira Iara Lee, cineasta, ativista social e integrante da "Flotilha da Liberdade":
"Justamente porque o Campo é uma grande engrenagem para nos transformar em animais; até num lugar como este, pode-se sobreviver, para relatar a verdade, para dar nosso depoimento; e, para viver, é essencial esforçarnos por salvar ao menos a estrutura, a forma da civilização. Sim, somos escravos, despojados de qualquer direito, expostos a qualquer injúria, destinado a uma morte quase certa, mas ainda nos resta uma opção: a opção de negar nosso consentimento."
"O cerco à Faixa de Gaza pelo governo israelense tem origem em 2005, e vem sendo rigorosamente mantido desde a ofensiva militar israelense de 2008-09, que deixou mais de 1.400 mortos e 14.000 lares destruídos. Israel argumenta que suas ações militares intensificadas ocorreram em resposta ao disparo de foguetes ordenado pelo governo Hamas, cuja legitimidade não reconhece. Porém, segundo organizações internacionais de direitos humanos como Human Rights Watch, a reação militar israelense tem sido extremamente desproporcional.
(...)
Como resultado do cerco, civis em Gaza, inclusive crianças e outros inocentes que se encontram no meio do conflito, não têm água limpa para beber, já que as autoridades não podem consertar usinas de tratamento destruídas pelos israelenses. Ataques aéreos que danaram infraestruturas civis básicas, junto com a redução da importação, deixaram a população em Gaza sem comida e remédio que precisam para uma sobrevivência saudável."

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