Na noite da última terça-feira um ilustre membro da equipe deste blog me alertou: "alguma memória é melhor que nenhuma memória!"
Bem, ainda que no contexto do caso em questão - que não vem ao caso - eu discordasse do efeito prático de sua observação, é inegável a lógica de seu argumento.
Pois bem, o principal mote da campanha de Serra nos últimos dias sinaliza o contrário: os tucanos são totalmente desmemoriados, do contrário são descaradamente cínicos!
Senão vejamos, o sítio do candidato destacou ontem a sua seguinte declaração:
"José Serra participou na tarde desta quarta-feira (15) da tradicional procissão de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, no Ceará, e anunciou que vai elevar o salário mínimo para R$ 600 já a partir de janeiro de 2011. Para isso, vai promover 'uma rearrumação geral das contas e corte de gordura'.
Serra ressaltou que, como economista, já fez estudos que revelam a viabilidade de se assegurar um aumento maior do salário mínimo acima do proposto pelo governo federal para 2011(...)"
Uma pena que enquanto ministro de Estado nosso "economista" não tenha apresentado tais estudos a FHC ao longo de seu governo, quando o salário mínimo jamais ultrapassou o patamar de cem dólares, então referência das reivindicações do PT e da CUT.
Refrescando a memória: em 2002 - um mês antes da eleição de LULA contra o então candidato do governo, Serra - US$ 1,00 valia R$ 3,60, e o mínimo era de R$ 200,00, ou seja, o salário mínimo do PSDB de Serra era de menos de US$ 56,00.
Hoje, o novamente candidato tucano, agora na oposição, propõe enfaticamente um mínimo de R$ 600,00, aproximadamente US$ 350,00, quase sete vezes o mínimo de FHC!
Ah, vale ressaltar que, demagogia à parte, os fatos registram o seguinte: LULA elevou o salário mínimo de US$ 56,00 para algo em torno de US$ 296,00!
Não sou economista. Logo, esse post está sujeito a contestações dos especialistas na área e acata humildemente reparos nesse sentido, mas as contas e estudos do Professor, dublê de ex-ministro e presidenciável me parecem muito estranhas!
Um comentário:
Caro Fábio,
Também não sou especialista, então vamos a nossa irresistível mania de dar pitaco em tudo, desde cabeça de alfinete a combustível de foguete.
Índices e parâmtetros de preços da economia(salário é um dos preços da economia, na voz dos economistas), como qualquer dado estatístico servem a várias interpretações em diversos contextos.
É lógico que com a superdesvalorização cambial promovida às vésperas da eleição de 2002, depois de manter o câmbio artificialmente valorizado para dar conta da tese do "real forte" trouxe um impacto considerável no valor do salário mínimo.
Mas seria possível um salário mínimo com baixo valor relativo em dólar, com poder de compra?
Sim, é possível, e é sobre esse aspceto que nossa crítica deve recair.
Afinal, 300 dólares ou 400 dólares ainda são considerados valores pífios se utilizarmos como referência a renda de países que estão a nossa frente em desenvolveimento econômico.
Mas eis que o momento que vivemos aponta para uma crescente valorização do poder de compra, que vai além de um índice cambial de referência.
Em dólar ou em real, é público e notório o avanço da renda das classes menos favorecidas sobre a riqueza nacional, e isso é o que importa.
É lógico que números como o que você tão bem apresentou, a título de rememorizar os "esquecidos" são simbólicos.
No entanto, agora que já estamos na terceira etapa do projeto de poder, se considerarmos os dois mandatos de Lula com as duas primeiras fases, é preciso aprofundar as noções e enriquecermos o debate para além os totens.
É nossa tarefa, pois esse governo nos exigirá debate político como nunca.
E nisso, você é insuperável, caro vereador!
Um abraço.
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