sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Entrevista com a vereadora Odisséia Carvalho


O cenário político da cidade de Campos tem causado grande apreensão entre os que desejam a construção de uma alternativa de gestão para a cidade. Na iminência de eleições suplementares, surgem as especulações sobre definições partidárias, possíveis alianças que apontem para ruptura ou continuidade com as práticas políticas que prodominam há décadas na cidade. Estes foram os temas da entrevista feita pelo Núcleo Lenilson Chaves com a vereadora petista Odisséia Carvalho que falou também da sua atuação parlamentar, das relações do seu mandato com o PT e os movimentos sociais e da candidatura própria do PT para Prefeitura de Campos.

Núcleo: Qual é o balanço político que a vereadora faz do seu mandato até aqui?

Odisséia:Entendo que nosso mandato tem a cara do Partido dos Trabalhadores, por isso tem mantido uma postura ética, uma posição aguerrida em defesa da democracia e do controle social da gestão pública e de ampla abertura às demandas dos movimentos sociais. Essa foi a marca dos mandatos do PT que já passaram pela Câmara de Campos. Ivete Marins, Antônio Carlos Rangel, Renato Barbosa e que pretendemos desenvolver para dar conta dos desafios atuais da cidade.
Nos primeiros momentos do mandato buscamos intensificar os canais de comunicação com a sociedade e reforçar a presença dos movimentos sociais na Câmara. Para isso, investimos na realização de várias audiências públicas, para ouvirmos as diversas propostas e cobranças dos setores organizados da sociedade sobre temas decisivos para a cidade. Abordamos a destinação dos recursos dos royalties do petróleo e o controle social destes gastos. Debatemos a pedofilia e a situação da criança, do adolescente e da mulher na cidade, contando com a presença da Ministra Nilcéa Freire e assegurando a implantação da Delegacia da Mulher em Campos. Visando reforçar a colaboração entre o município e o governo federal, promovemos audiência sobre as obras do PAC na imensa rede de canais da Baixada Campista.
Com todas as dificuldades de fazer oposição sob governo do grupo de garotinho, conseguimos interferir na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Plano Plurianual. Essas intervenções buscavam atender demandas dos movimentos sindicais e sociais nas áreas de asssistência social, agricultura e pesca, petróleo, educação, trabalho e renda e habitação.
Como professora, tenho me dedicado às questões relacionadas à educação municipal. Estamos lutando para a valorização dos profissionais da educação. Conseguimos articular a aprovação do Plano de Cargos Carreira e Salário dos professores que, apesar de não ser o ideal, corrigiu algumas distorções salariais em relação ao tempo de serviço e à habilitação. Estas conquistas foram conseguidas com o apoio dos representantes do sindicato dos profissionais da educação (SEPE) no Conselho Municipal de Educação. Outro fato positivo foi a equiparação dos pedagogos e pedagogos-supervisores uma luta travada pelo SEPE desde 2003 e a regulamentação do cargo de supervisor na prefeitura. Mas ainda temos mais para avançar, incluindo os demais profissionais da educação. Além disso, temos o Plano Municipal de Educação que determina que no prazo de dois anos, a partir de 31 de dezembro de 2009, acontecerão eleições diretas para diretores nas escolas municipais. Projetos de lei, indicações legislativas e requerimentos já podem ser acessados no nosso blog blogdaodisseia.blogspot.com .

Núcleo: Como o seu mandato se relaciona com os diversos grupos que compõem o PT de Campos? De que forma um mandato a vereador pode contribuir para o fortalecimento do PT e para a construção de uma alternativa de poder para a cidade de Campos?

Odisséia: O partido se fortalece com o mandato e o mandato se fortalece com o partido. Não sou detentora do mandato e sim o partido e o povo que me elegeu. Se nosso mandato der certo é um ganho do partido, é importante levar nosso modo petista de governar para o mandato, como uma alternativa real para Campos. Como parlamentar e militante do Partido dos Trabalhadores respeito às diferenças de opinião entre grupos que compõem o partido e tenho procurado manter a interlocução com todos seja nas instâncias partidárias como o Diretório e a Executiva como no dia-a-dia do mandato. Todas as questões importantes relacionadas ao mandato, digo todas mesmo, sem exceção, são compartilhadas com os companheiros que tem estado dispostos a construir o mandato. Apesar de diferentes trajetórias apresentadas entre os grupos que formam o diretório municipal do PT, há uma grande concordância em relação ao futuro do PT em Campos e ao compromisso com a construção de uma alternativa de ruptura com o modelo político que predomina na sociedade. Cansamos dessa história de menos pior, queremos o melhor para nosso município. Desde a eleição do novo presidente essa interlocução dentro do próprio PT tem acontecido, é importante que o mandato cada vez mais nos aproxime e o partido se consolide, se fortaleça. Neste momento de eleições nacionais e estaduais, os companheiros ficam envolvidos e absorvidos em diferentes campanhas. Mas eu estou totalmente comprometida e me empenharei em buscar aproximar alguns setores partidários que podem colaborar mais e que são fundamentais para a formulação dessa alternativa.

Núcleo: Quais são as relações do seu mandato com os demais vereadores da nossa Câmara Municipal? Que tipo de compromissos o seu mandato assume com os demais parlamentares?

Odisséia: Dentro da Câmara temos uma bancada de oposição, formada por parlamentares de diferentes partidos. Não podemos nos isolar, a minha forma de atuar é todo tempo pautada pelo modo petista de fazer política, dentro dos meus princípios partidários. Desde a sua criação há trinta anos atrás, o Partido dos Trabalhadores já amadureceu muito e superou a idéia de fazer política para apenas marcar posição. Em algumas questões a atuação em bloco é fundamental, sem perder de vista a nossa independência e as nossas diferenças. Mas é preciso que fique claro que não há nenhum acordo eleitoral envolvido na formação deste bloco, trata-se da necessidade de apoio para aprovar ou barrar as iniciativas dos vereadores. Caminhar sozinho pode dar a impressão de independência mas é uma ilusão que é dissipada porque reduz, praticamente impossibilita a ação parlamentar.

Núcleo: Do seu ponto de vista qual deve ser o papel da Câmara de Vereadores frente a uma gestão municipal conduzida pelo "modo garotista de governar"?

Odisséia: O papel fundamental da Câmara seja qual for o prefeito ou prefeita é fiscalizar rigorosamente e propor leis pelo bem estar da população. Enfrentamos a maneira de fazer política do que tem sido chamado de “garotismo” sem medo do enfrentamento. A todo o momento tentam torpedear nosso mandato e nosso partido, e seria estranho se não fosse assim, agimos com posições políticas firmes como tem sido a atuação do PT em todas as esferas de poder. Como disse, para agir na Câmara, é preciso atuar com apoio. O projeto do PT é ampliar a sua representação na Câmara e assim fortalecer a atuação de parlamentares que estiverem comprometidos com a mudança e com o fim desta forma de governar que tem condenado à cidade aos péssimos níveis de desenvolvimento social e humano e aos altos índices de corrupção.

Núcleo: Na última eleição da Mesa Diretora da Câmara, a senhora foi eleita para o cargo de 2ª Secretária. Quais são as atribuições deste cargo e qual o significado político de ser ocupado por uma vereadora de oposição?

Odisséia: Foi fundamental quebrar a hegemonia do grupo político da prefeita cassada na composição da mesa diretora hoje temos dois vereadores de oposição e dois de situação na direção. O cargo de 2ª secretária me permite ter acesso a documentos e projetos mais facilmente, atuando de maneira mais ágil, me antecipando a algumas questões. Não considero que perca minha identidade, pois em várias cidades importantes o PT ocupa cargos nas mesas diretoras, é uma dinâmica normal na atuação parlamentar.

Núcleo: Alguns analistas políticos e, até mesmo, alguns militantes do PT manifestam abertamente dúvidas em relação ao compromisso da vereadora com uma candidatura própria do PT na possível eleição municipal extraordinária ou na de 2012. O que a senhora teria a comentar sobre essas dúvidas e desconfianças?

Odisséia: Sou candidata a disputar as prévias do PT para a prefeitura de Campos. Defendo intransigentemente a candidatura própria. Quanto às dúvidas e desconfianças quem as tem pode deixar de tê-las, não só para 2012, mas já nas eleições suplementares que devem acontecer ainda esse ano. Nestes momentos antes das definições dos candidatos dos demais partidos, surgem especulações e ocorrem muitos boatos maldosos. Por exemplo, recentemente plantaram o boato sobre uma possível ida minha para a Secretaria de Educação no governo de Nahim. Chegaram a divulgar isso em jornal, em blogs. Isto é uma sandice, absolutamente sem sentido. É o típico boato plantado por adversários, querendo confundir opiniões, gerar dúvidas e tirar proveito eleitoral. Já surgiram boatos que eu seria candidata a vice numa chapa com Marcos Bacellar na cabeça. Não há nenhuma chance disso acontecer. Mas isto é assim mesmo, faz parte do jogo político e mostra que os adversários estão preocupados. Estou preparada para deixar claro para a população o nosso compromisso com uma nova forma de governar a cidade. Sou candidatíssima.

Núcleo: Quais seriam os possíveis aliados do PT no caso de uma eleição extraordinária ou das eleições municipais de 2012?

Odisséia: Temos conversados com vários partidos que estão dispostos a romper com a forma de governar estabelecida por Garotinho e seus seguidores. Os partidos que hoje fazem parte da iniciativa que foi chamada de Frente Democrática que têm pensado alternativas para a gestão municipal, que querem que o município seja administrado de forma ética e democrática. Embora o movimento não seja exclusivamente partidário, o compromisso já aponta para a formação de uma nova governança. As conversas mais decisivas ficam aguardando a conclusão das eleições nacionais e estaduais porque esses partidos tem candidatos que estão em plena campanha. Mesmo que não aconteça uma aliança formal em torno de alguma candidatura, já firmamos o nosso compromisso inicial de lutar pela superação desta forma governar nociva que é representada pela grupo de Garotinho. O nosso compromisso é com transformação de Campos numa cidade que valorize a sua população, que fortaleça a criação de emprego, cuide de seus graves problemas ambientais e dos seus escandalosos índices sociais. Lutamos por uma cidade mais justa e bela que recupere a estima do campista e crie esperança para as crianças e para a juventude.

8 comentários:

Gustavo Carvalho disse...

Como adaptar esse conjunto de intenções à nova conjuntura/conjectura de eleições suplementares indiretas? Qual estratégia deve seguir o Partido dos Trabalhadores em Campos? Tal estratégia será construída coletivamente (levando em consideração a corralação de forças cristalizadas nas instâncias partidárias do Diretório e da executiva)? Quem viver verá!

Anônimo disse...

Se a vereadora e o seu grupo não conseguirem trazer quadros importantes do PT como Luciano D´Ângelo, Roberto Moraes, Luiza Botelho e Antônio Carlos Rangel vai acabar no colo do capeta como aconteceu com a aliança com Arnaldo.

Sincero disse...

Vocês do PT são tudo farinha do mesmo saco. Criticam, criticam mas gostam mesmo é de uma boquinha. Odisséia fez acordo com o Arnaldo nas últimas eleições e Helio Anomal foi candidato à vice-prefeito de Arnaldo.
Luciano Dângelo foi Secretário de Arnaldo, junto com Paceli e com Fábio Siqueira. Todos comendo no cocho de Arnaldo. Lenilson Chaves, patrono deste Núcleo teve carguinho de Arnaldo. Até aquele Douglas da Mata que acusa todo mundo em seu blog comeu no cocho de Arnaldo. Falar e criticar é fácil. Difícil é segurar a boquinha.
E ainda tem o governo Mocaiber... É mentira? Será que Arnaldo e Mocaiber eram corretos e de repente foram acusados de corrupção? Vocês tem é inveja de Garotinho.

douglas da mata disse...

Que tipo de idiota é esse, em que planeta ele esteve:

Na alinaça PT x PDT, onde quadros do PT ocuparam cargos na administração municipal, foi uma conseqüência do acordo estadual, entre o garotinho e o PT, onde Benedita foi sua vice-governadora.

O imbecil fala como se arnaldo não fosse uma invenção do garotinho. que panaca. Ou seja: se já eram corruptos, quem já sabia disso de antemão era o "padrinho-chefe".

Rompida a aliança PT e PDT, os petistas entregaram seus cargos no governo, não sem antes deixarem sua marca, como Lenilson Chaves: 1ª Bienal de Campos, com orçamento de 90 mil reais, e a melhor já realizada, onde todas as outras tiveram orçamentos milionários e eventos medíocres.

Na agricultura, nunca houve tanto apoio ao pequeno e médio produtor, com estímulo ao associativismo e alocação de recursos técnicos e implementos ao setor.

Isso só para citar duas "pastas".

Ah, e nenhuma, digo, nenhuma denúncia de desvio ou malversação de verbas.

Saiu o PT, mas garotinho continuou junto a arnaldo, depois você já sabe, de arnaldo saiu mocaiber, etc e tal.

Bom quanto a mim, pessoalmente, dei minha contribuição ao Partido, inclusive no governo Benedita, mas sou concursado e não vivo de DAS. Declaração de renda compatível com estilo de vida.

Agora, em um ponto tens razão: nessa cidade, por um tempo, todos os atores políticos estiveram ligados ao garotismo.

É isso que desejamos romper.

Quem fez parte do governo mocaiber que responda por si, junto a sociedade e a História.

Quanto ao chefe de quadrilha da lapa, de acordo com a sentença judicial, eu, sinceramente, não tenho inveja nenhuma. Artigo 288 é barra pesada.

Gustavo Carvalho disse...

Realmente defender o garotelho alegando "inveja" (!?) dele é o cúmulo do lambe botas. Inveja da "grandeza" política ou da ficha criminal? Esses tipos que têm a desfaçatez defender o atraso garotista são aqueles espécimes da "rabeira da cadeia alimentar" do garotismo, vivendo dos restos desse esquema falido. Qual é a grande contribuição política/administrativa/estratégica dada por essa "gente" para desenvolvimento de Campos e do estado do Rio??? Deve ser delírio tremilis, crise de abstinência de dinheiro público.
Eleições diretas já!!!

FÁBIO SIQUEIRA disse...

Sinceramente...
Deve ser a gênese democrática deste blog. Eu não teria liberado essa provocação covarde, mas enfim...
Bom, o Douglas já se antecipou e registrou o que era fundamental relembrar, mas vamos reiterar:
1- Que nossa participação no Governo Arnaldo, sob a égide da aliança PDT-PT se deu sobre as bençãos de... Garotinho!
2- Rompida a aliança e nós fora do governo Arnaldo se reelegeria meses depois com seu apoio e tendo como vice... Pudim!
Enfim, se "Arnaldo e Mocaiber eram corretos e de repente foram acusados de corrupção?" essa questão cabe ao seu "Comandante" e não a nós.
Podemos até ter nos equivocado sobre Arnaldo - embora não considere pertinente comparar sua primeira gestão, como vice de Garotinho e o que veio depois, sobretudo o governo Mocaiber - podemos ter cometido outros erros de avaliação, mas nunca estivemos envolvidos em malversação do dinheiro público. Eu, particularmente tive a oportunidade de estar na executiva municipal para defender publicamente - está documentado na imprensa - contra a participação no governo Mocaiber e a aliança com Arnaldo em 2008.
Enfim, já gastei mais tempo que merecia o comentarista não identificado.

Anônimo disse...

Parabéns Odiséia, ótimo trabalho!

Gustavo G. Lopes disse...

Este comentarista "sincero" parece ter um obejtivo muito preciso de querer confundir, igualando coisas muito distintas. De fato, O PT e alguns de seus quadros e militantes compuseram equipe de governo durante a gestão de Arnaldo e de Mocaiber. E o mais difícil de entender é que isto tenha sido fruto de um acordo para eleger Garotinho no Estado do Rio de Janeiro.
Mas os demais comentaristas já deixaram claro que tratava-se de uma aliança nacional entre o PT e o PDT. E também deixaram claro que embora Arnaldo, Mocaiber e Garotinho tem sérios problemas com a Justiça em decorrência das suas práticas políticos e de "gestão pública".
Já os quadros petistas citados não tem pendências com a Justiça e saíram dos governos quando as discordâncias políticas ficaram insustentáveis.
Quanto a "inveja de Garotinho"... é
uma opinião que não merece comentário.
Mas realmente, parece haver uma admiração encantada que Garotinho exerce em bajuladores, fiéis seguidores, em críticos e até mesmo em adversários que não conseguem se enxergar como atores políticos e agir sem se libertar deste modelo.
O nosso papel por aqui é contribuir para o fim deste modelo que manteve a cidade nos descalabros que estão banalizados no nosso cotidiano.