segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Zizek: a ação política à altura do nosso tempo!










Um empreendimento pré-marxista

"Hoje em dia, em meio a uma dolorosa revolução das forças produtivas, é forte a tentação de dar vida nova à velha, desdenhada e quase esquecida dialética marxista de forças produtivas e relações de produção: qual será a influência da digitalização e da globalização não apenas sobre as condições de produção em sentido estrito, mas sobre nossa existência social, nossa práxis e nossa experiência (ideológica) da interação social? Marx gostava de confrontar a revolução política às transformações revolucionárias dos processos de produção. Seu "Leitmotiv" rezava que a máquina a vapor do século 18 contribuíra mais para a revolução da vida social do que todos os espetaculares acontecimentos políticos. Essa idéia não será agora mais relevante do que nunca, quando as transformações mais inconcebíveis da produção são acompanhadas de uma espécie de letargia política? Enquanto nos vemos em meio a uma radical metamorfose da sociedade, muitos pensadores igualmente radicais duvidam da possibilidade de uma ação política à altura.



Ademais, as noções de que dispomos para a descrição da nova constelação de forças produtivas e relações de produção (sociedade pós-industrial, sociedade da informação etc.) não são conceitos genuínos. São soluções de emergência: em vez de nos capacitar a refletir sobre a realidade histórica que designam, elas meramente nos dispensam do dever de pensar, aceitar ou renegar. A resposta-padrão dos pós-modernos é a seguinte: não podemos pensar essa novidade, pois estamos presos aos velhos paradigmas industriais. Mas a verdade é o exato oposto desse lugar-comum: essas tentativas de superar ou obliterar a produção material, descrevendo a transição atual como passagem da produção para a informação, não serão afinal de contas uma tentativa de evitar a dificuldade de refletir sobre a ligação entre essa metamorfose e a estrutura de produção coletiva? Em outras palavras, a verdadeira tarefa não consistiria justamente em pensar o lugar do novo a partir dos conceitos da produção material coletiva?"



Para conferir na íntegra: http://zizek.weebly.com/texto-006.html

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