terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mesa Diretora e oposição



A eleição da Mesa Diretora da Câmara alvoroçou os observadores da política da planície goitacá. A questão que dominou a discussão foi o apoio unânime dado pela minoritária bancada de oposição à chapa encabeçada por Nahim/Matoso. 
A opinião apressada de alguns de  "Acabou-se a oposição ao Garotismo."  

Não vamos comentar os que fustigam a questão por terem seus interesses de “jornalismo achacador” desprestigiados pelo “furo” ter sido dado pelo concorrente.
Mas a idéia de equiparar a participação na mesa diretora - ainda que encabeçada por um representante da família Garotinho - a uma adesão ao governo deve ser considerada, na melhor das hipóteses, um raciocínio infantil.

Imagine se teríamos que concluir que o PT da cidade de São Paulo não faz oposição ao governo de Kassab (DEM) por ter a 1ª secretaria da Mesa Diretora da Câmara daquela cidade. Ou que o PT é adesista por ter a 1ª e a 4ª secretaria da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa de SP, sob o governo do PSDB.

A participação de parlamentares oposicionistas na Mesa Diretora das casas legislativas  favorece a atuação política e ampliam as possibilidades de apresentar demandas oposicionistas. Ademais, a presença na mesa diretora fortalece a capacidade fiscalizadora do parlamentar.
Não há incompatibilidade entre estar na Mesa Diretora é manter postura oposicionista e independente.

Numa casa legislativa, a postura autônoma somente se manifesta a partir do diálogo com outros vereadores. Esta condição pode desagradar alguns, especialmente, quando olhamos para a composição da nossa Câmara Municipal. A oposição em si não assegura dignidade à atividade parlamentar. Eu gostaria que a Câmara fosse composta por parlamentares com um perfil muito diverso do realmente existente.
Alguns parecem exigir que a única vereadora do PT se isole na Câmara, achando que esta seria a única forma de demonstrar “independência”.

Quais eram as alternativas configuradas na disputa da Mesa Diretora? 
Sendo minoritária, seria razoável que a oposição "batesse chapa" com uma chapa governista e entregasse todos os cargos da mesa? 
Seria melhor Magal na vice-presidência da Câmara; Gil Viana e Papinha nas 1ª e 2ª secretarias?

Quem não buscar diferenciar os agentes e quiser somente apostar no quanto pior melhor revela o seu descompromisso com a cidade.
Quem ganha com essa postura é o casal garotinho.

Achar que a única alternativa ao isolamento é o adesismo é manter-se escravizado pela lógica do malfadado garotismo. A cobrança e o apoio deveriam buscar fortalecer o mandato do PT para a efetivação da articulação da comunidade política e da sociedade civil. Na política, o isolamento conduz ao definhamento do mandato.

3 comentários:

douglas da mata disse...

Claro, claro, claro.

Mas consideremos que todas essas atitudes louváveis da vereadora em abrir espaços na estrutura tenham se dado após debates e mais debates, com a interlocução necessária a legitimação das ações políticas!

Caso contrário, o "cheiro" é de teoria do fato consumado, que sabemos é preciso ter talento para operar, talento esse que eu, e você e até as pedras portuguesas retiradas da praça das 4 jornadas sabem que os garopetistas não têm!

Um abraço.

PS: comparar em analogia simplista universos tão díspares como a ação política petista em SP, ou em qualquer outro lugar onde haja mais acúmulo e estofo para adotar tais posturas, com a precariedade local é quase-má-fé. Mas como somos amigos, eu deixo na conta da ingenuidade!

Gustavo G. Lopes disse...

Até onde eu sei, a participação da vereadora na eleição da mesa tem amplo apoio da executiva do partido.

Se o exemplo de São Paulo não lhe agrada, você pode escolher os que seriam comparáveis. Cá entre nós, eles não lhe agradam porque não lhe servem. Alguém poderia até dizer que isso sim é má-fé. Eu prefiro esperar que você indique os casos comparáveis.

Quanto ao "garopetismo" gostei da expressão. Para mim ela vai servir para indicar todos aqueles petistas que fazem o jogo favorável aos interesses do casal.

Um abraço, meu camarada.

Gustavo G. Lopes disse...

Até onde eu sei, a participação da vereadora na eleição da mesa tem amplo apoio da executiva do partido.

Se o exemplo de São Paulo não lhe agrada, você pode escolher os que seriam comparáveis. Cá entre nós, eles não lhe agradam porque não lhe servem. Alguém poderia até dizer que isso sim é má-fé. Eu prefiro esperar que você indique os casos comparáveis.

Quanto ao "garopetismo" gostei da expressão. Para mim ela vai servir para indicar todos aqueles petistas que fazem o jogo favorável aos interesses do casal.

Um abraço, meu camarada.