O talentoso cineasta Jorge Furtado (Ilha das Flores, Houve uma vez dois verões, O homem que copiava, etc.) recoloca o tema vital para a Democracia, para além das disputas eleitorais: o debate político. Confira a seguir algumas de suas propostas (com especial destaque para militantes da blogosfera):
Poder e Política
"Com a forte possibilidade de derrota de seu candidato nas próximas eleições, a antiga imprensa, acho, finalmente entendeu que a tal "formação de consenso" não está mais em suas mãos. Cabe aos blogueiros e sites independentes ocupar o espaço conquistado com cada vez mais racionalidade. Fazendo política, a blogosfera conquistou um grande poder e "grandes poderes geram grande responsabilidade", como muito bem ensinou o Homem-Aranha.
Dez regras de boas-maneiras para debater política (seriamente) na blogosfera (ou em qualquer outro lugar):
1. Qual é o fato? A verdade factual é o ponto de partida. Certifique-se da veracidade e, se possível, indique a fonte de suas informações. Divulgar mentiras é o mesmo que mentir.
2. Não grite. Reduza ao máximo os adjetivos, os pontos de exclamação, os destaques em maiúsculas.
3. Não insinue, informe. Elimine do seu texto as reticências, as maledicências e outras indecências. Se tiver algo a dizer, diga. Se não tiver, não diga.
4. Mantenha a compostura. Elimine inteiramente os palavrões, preconceitos, grosserias, fofocas e baixarias em geral.
5. Fale sério. Piadas de gosto duvidoso, musiquinhas engraçadas, animações toscas, derrubam qualquer argumento, mesmo que verdadeiro. Demonizar adversários com montagens fotográficas, dedos no nariz ou caras tortas só depõe contra você.
6. A diversidade é a base da democracia. Sem pensamentos contraditórios não há evolução. Quem pensa diferente de você não é, necessariamente, seu inimigo e, mesmo que seja, deve ser tratado com respeito e educação.
7. Ninguém é inteiramente bom ou mau. Encontrar concordâncias entre pessoas que discordam é um bom ponto de partida para qualquer debate. Todos querem o bem estar e a justiça social, desenvolvimento, geração de empregos, saúde, prosperidade e paz. Ou não?
8. Procure saber, saber sempre é bom. Compartilhar informações é a principal utilidade da internet.
9. Mais que dar respostas, faça perguntas. O principal objetivo do jornalismo (e da filosofia) é fazer pensar, formulando perguntas. Deixe o leitor procurar suas próprias respostas.
10. "Se você não está em dúvida é porque foi mal informado" (do jornal "O Pasquim"). Procure saber e entender os que pensam diferente de você ou nunca terá a chance de mudar, o que é vital para crescer."
http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/poder-e-política
3 comentários:
Como toda receita de bolo, ou como toa "regra de bom convívio politicamente correto" está ótimo.
O problema é que essa "receita" aparentemente anódina e esterilizada desconhece(não por acaso)que as condições de temperatura e pressão no debate, que não é imparcial, logo se destina a uma das expressões de luta por hegemonia, nem sempre comportarão regras bem comportadas!
Piadas de mau gosto? Quem define o "bom gosto"?
Eu destacaria dois tópicos do texto, que definem bem o que digo:
"Todos querem o bem estar e a justiça social, desenvolvimento, geração de empregos, saúde, prosperidade e paz. Ou não?"
Essa premissa é falsa: nem todos querem o bem estar, ou pior, há aqueles que só entendem o bem estar pela lógica do "eu primeiro". Desconhecer isso, e pretender que TODOS(gritando mesmo)queiram o bem estar, ou que a visão de bem estar possa "unificar" códigos de conduta é uma visão "liberal" que não coaduno!
O outro trecho:
"Se você não está em dúvida é porque foi mal informado" (do jornal "O Pasquim").
Aqui sim, todo esse texto poderia ser reumido nessa frase!
Mas o debate é profícuo.
Grato ao companheiro Gustavo pela postagem tão importante.
Saudações petistas!
Hasta la victoria, siempre"
Caro camarada, como vóis micê eu também não concordo com todos itens da proposta. Contudo, os motivos fundamentais pelos quais apoio a abordagem do Jorge Furtado são: 1º chamar atenção para existência de vida política inteligente ( e contraditória) pós eleições; 2º a noção segundo a qual a racionalidade do debate, a veiculação de informação fundamentada e a articulação dos argumentos no mérito ampliam nossa legitimidade (a pretensão de imparcial não é defendida nunca aqui); 3º reforçar a tendência de decadência da "velha mídia" e celebrar o novo protagonismo opinativo da blogosfera. Enfim, como toda proposta/tese/projeto pode transparecer pretensão normativa (da qual não partilho), dou-me por satisfeito com o mínimo de pretensão iluminista: partilho a crença (ilusão?) dos iluministas de que a dialética do debate melhora nossos argumentos e atualiza nosso potencial de perfectibilidade.
Abraço
Nisso, concordamos os dois, por isso, destaque para o item 10, dos "dez mandamentos", rs!
Suadações solcialistas!
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