Robert Musil dizia que uma das características de nossa época é a ampliação democrático/vulgar do conceito de genialidade. Segundo ele, no século XX tratamos como gênios desde pensadores fundamentais, grandes artistas, cientistas brilhantes até jogadores de futebol e cavalos de corrida. Autor de "O Homem Sem Qualidades" (único, desconcertante e inacabado!), manifesta sua genialidade nas seguintes "Considerações inamistosas":
"O que é a vida?
Vida é viver: a quem não a conhece não há como descrevê-la. É amizade e inimizade, assombro e desengano, peristalismo e ideologia. O pensamento tem, além de outros objetivos, o de criar ordens mentais em tudo. Também o de aniquilar. A ideia faz das muitas manifestações da vida uma só, e do mesmo modo uma manifestação da vida faz freqüentemente de uma ideia muitas outras novas. É notório que nossos poetas já não querem mais pensar, desde o instante em que acreditaram ter ouvido da filosofia que não é permitido pensar pensamentos, mas sim que se deve vivê-los.
A vida é culpada de tudo.
Mas, por Deus: o que é viver?"
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