A Folha de S. Paulo confirma seu caráter de panfleto demo/tucano. A capa de hoje (Domingo, 16/05/2010) tem como manchete principal: "Benefício social prejudica atividade rural do Nordeste". A reportagem correspondente tenta demonstrar, através de algumas entrevistas pontuais, o quanto políticas públicas distributivas como o "Bolsa Família" são prejudiciais à produtividade econômica, especialmente para atividades que empregam mão de obra intensiva. A reportagem até faz referência aos argumentos de defesa do programa do Ministério do Desenvolvimento Social, respaldados em pesquisas do PNUD/ONU, mas teima em desconsiderar suas conclusões:
“A noção de que programas de transferência são um desincentivo ao trabalho é mais baseada em preconceito do que em evidências empíricas”. “O levantamento derruba a tese de que o Bolsa Família estimule as pessoas a pararem de trabalhar. O impacto na participação no mercado 'não é significativo nem para homens nem para mulheres'. A probabilidade de quem recebe os recursos governamentais estar ocupado é maior — 1,7% a mais para homens, 2,5% para mulheres —do que entre pessoas da mesma faixa de renda que não participam do programa. Uma das explicações para isso é que o benefício está atrelado à necessidade de as crianças frequentarem a escola. Sem terem de ficar em casa para cuidar dos filhos, as mulheres disporiam de mais tempo para se dedicar a uma atividade remunerada." Ou ainda: “no grupo dos 10% mais pobres do Brasil, a porcentagem de pessoas que trabalhavam ou procuravam trabalho era de 73% entre os que recebiam o Bolsa Família e de 67% entre os que não recebiam. Na parcela dos 10% a 20% mais pobres, 74% dos beneficiários pelo programa de renda eram economicamente ativos, contra 68% entre os não-beneficiados. No grupo seguinte (20% a 30% mais pobres), a taxa era de 76% para atendidos e de 71% para não-atendidos.”
O mais irônico dessa posição ideológica é que mesmo se tal "denúncia" fosse corroborada com fatos, restaria o recurso à racionalidade econômica do ator nas condições objetivas do mercado: por que o trabalhador pobre, que por definição não possui meios de produção e só pode dispor de sua força de trabalho, tendo acesso aos programas sociais, deveria optar por condições de trabalho degradantes e salários aviltantes? Esse é o "pequeno detalhe" que distingue o trabalhador livre do escravo!
Fonte:http://www.tijolaco.com/
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