terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Quem está realmente vivo hoje?

Para reafirmar a própria razão de ser desse blog e a estranha obsessão que nos faz sempre tomar posição política, faço uso das palavras delirantes e geniais do dialético radical Slavoj Zizek (Bem-vindo ao deserto do Real!):
"E se somente estivermos realmente vivos se nos comprometermos com uma intensidade excessiva que nos coloca além da 'vida nua'? E se, ao nos concentrarmos na simples sobrevivência, mesmo quando é qualificada como 'uma vida boa', o que realmente perdermos for a própria vida? (...) E se, em termos de processo revolucionário, a diferença que separa a era de Lenin da de Stalin for, mais uma vez, a diferença entre vida e morte? Existe uma característica aparentemente marginal que esclarece bem a questão: a atitude básica do comunista stalinista é a de seguir a correta linha do partido contra os desvios à 'esquerda' ou à 'direita' _ isto é, seguir o seguro caminho do meio; quanto ao leninismo autêntico, em nítido contraste, só existe um único desvio, o de centro _ o de 'não correr riscos', de evitar oportunisticamente o risco de clara e excessivamente 'escolher um lado'. (...) Essa execessiva 'escolha de lados', o desequilíbrio ziguezagueante permanente, é, em última análise, a própria vida (política revolucionária) _ para um leninista, o nome definitivo da direita contra-revolucionária é o próprio 'centro', o medo de introduzir um desequilíbrio radical no edifício social. (...)
O que torna a vida 'digna de ser vivida' é o próprio excesso de vida: a consciência da existência de algo pelo que alguém se dispõe a arriscar a vida (podemos chamar esse excesso de 'liberdade', 'honra', 'dignidade', 'autonomia', etc.). Somente quando prontos para assumir esse risco estamos realmente vivos."

8 comentários:

Renato disse...

Boa Gustavo,
abrir os trabalhos com este texto define exatamente o carater e os desafios de quem se propõe a não ficar somente vendo a "banda passar" e se expõe ao debate e a construção de uma outra realidade.
Um grande abraço a todos os grandes editores deste espaço,
Renato Gonçalves.

douglas da mata disse...

Pois é, meu caro Gustavo,

Estamos na área, se derrubar é penalty

Gustavo Carvalho disse...

Valeu Renato, contamos contigo!

Gustavo Landim Soffiati disse...

Boa, xará. Concordo com sua "definição" do autor, que, além disso parece por demais romântico (o que não deixa de ser bonito) e cuja retórica verborrágica é fascinante, sobretudo quando direcionada à crítica cultural. Um abraço e boa sorte com o blog.

Gustavo Landim Soffiati disse...

Douglas (pois acho que isso é contigo),
Essa forma de postar comentários está meio complicada. Sei que você pode facitá-la.
Abs.

douglas da mata disse...

Qual é a dificuldade, meu caro, apresente aí, e quem sabe eu possa, junto com os demais, resolver o problema.

Um abraço, e grato pela atenção.

Gustavo Landim Soffiati disse...

Sinceramente, agora não sei mais. Por algum motivo a tela para a postagem de comentários estava diferente ontem.
Abs.

douglas da mata disse...

Certo, certo. Assim que você falou, eu percebi do que se tratava.

Também detesto a outra forma.

"Tá aí o que você queria", como diria Silvio Luis.