Lugar nenhum do mundo pode prescindir da liberdade de expressão, e da capacidade da imprensa em investigar e publicar fatos relevantes, como forma de orientar a população na tomada de decisões, e ou na ajuda a correção de desvios no exercício da Democracia.
Essa é uma definição pobre do importante papel que a mídia tem(e teve)para a cidadania. Como bem disse a futura presidente do Brasil, Dilma "guerreira" Roussef, é melhor conviver com as calúnias e manipulações a ter que suportar o peso do silêncio da censura.
No entanto, reconhecer essas premissas não significa absolutizar o papel da mídia, materializado nas grandes empresas de produção de conteúdo, aqui consideradas não só o jornalismo, mas também e principalmente, o entretenimento.
É preciso reconhecer os limites de qualquer liberdade, sem que isso interfira no seu exercício, e nesse processo, definir quais são os interesses que movem cada segmento de nossa sociedade. Um desafio grande para qualquer povo, e que não foi resolvido a contento por nenhuma nação, desde as mais institucionalmente maduras, até as chamadas "democracias recentes".
Com o crescimento da comunicação social como ramo econômico, as empresas de mídia passaram a desempenhar um papel à parte nesse jogo de interesses.
Se no início, as empresas de mídia, que se limitavam a jornais impressos, praticamente, se orientavam pela opinião dos leitores, direcionadas ao seu público alvo de forma quase específica, à medida que essas empresas multiplicavam suas áreas de atuação, impulsionadas pelos avanços tecnológicos, esse orientação mudou de sentido, e assim, essas empresas passaram a orientar a opinião pública de forma cada vez mais decisiva.
Desde já afastamos qualquer sentido para a palavra imparcialidade da mídia. Cada escolha editorial sempre foi uma forma de arbítrio. Cada foto ou texto publicado sempre foi resultado de mediação de interesses, desde os mais simples e cotidianos, até os mais complexos.
O problema é que esse entranhamento e supredimensionamento da mídia, que conseqüentemente resultou na oligopolização desenfreada do setor, conferiu a esses impérios uma força desproporcional, o que resultou até na denominação chamada "quarto poder", em alusão a divisão clássica de Montesquieu.
Evoluímos(ou involuímos, no sentido que nem todo progresso é evolução) da escolha da publicação dos fatos para que o público se informasse para a deformação dos fatos para a formação da opinião do público.
Paradoxalmente, e por que não dizer, dialeticamente, a mesma inovação tecnológica que impulsionou esses conglomerados de comunicação, agora oferece um contraponto que, se ainda não ameça seu poder institucional,pelo menos expõe suas entranhas ao público.
Nesse sentido, não é mais possível esconder da população que a constante campanha moralista da mídia, que publica e revela as negociatas praticadas pelo poder público, tem por motivação muito mais que o desejo de esclarecer a sociedade a verdade dos fatos, ou apontar para a investigação da verdadeiras causas do problema.
"O espetáculo da corrupção", do qual a mídia não apenas se aproveita, mas como também participa(vide os casos de relação espúria mídia X cofres públicos) é resultado do interesse direto dessas empresas em agir como um partido político, fato esse já denunciado, por exemplo, pelos assessores da Casa Branca, em relação a FOX, de Ruppert Murdoch.
Como um partido, a mídia busca no Erário o seu financiamento, haja vista que suas receitas privadas estão decrescentes.
Como um partido, a mídia tradicional usa seu poder para escolher quem é bom, quem é mau, quem merece respeito e tratamento isonômico e quem merece ter sua reputação assassinada(expressão de Luis Nassif).
Só isso explica, por exemplo, que o caso do GDF, do (ainda)governador Arruda tenha sido descaradamente desvinculado do PSDB, e de outras implicações das mesmas empresas com o governo do SP.
Por outro lado, esse é o mesmo motivo que tentou vincular, por meses à fio, a imagem de recebimento de três mil reais de um funcionário corrupto dos Correios a presidência da República.
Esse comportamento também pode ser observado em certos meios de comunicação da cidade, que são vorazes e ferozes em determinados casos, mas reservam o contraditório e ampla defesa para os seus, com acontece agora no caso do vereador Marcos Bacellar cassado pelo Juiz Eleitoral, Dr Leonardo Grandmasson.
Na outra ponta, o outro "partido de mídia", a fazer o caminho inverso nesse caso, e com relação aos seus.
Aqui, com um adendo importante: Em certos casos, como em nossa cidade, o assédio da mídia tradicional levou a classe política a formar seus próprios meios de transmitir informação, o que aprofunda a promiscuidade entre poder e mídia.
Esse fenômeno também fortaleceu o mercado de mídias corporativas(assessorias e outras formas), e no caso da Petrobrás, com seu blog, desvendou novas possibilidade que desafiem o monopólio da informação.
Disso tudo, vai se diluindo a legitimidade da mídia tradicional, que no círculo vicioso no qual está metida, agarra-se mais e mais a sua possibilidade de "chantagear" governos e políticos, para sustentar seus interesses.
É nesse vácuo de legitimidade que os blogs, e a internet se consolidam com uma importante alternativa para a democratização da Comunicação Social nesse país, e no mundo.
Só isso explica o relativo sucesso(pelo qual desde já agradecemos) de um blog vinculado a um partido, nesse caso o PT.
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