segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O "perverso" brasileiro: idiota ou egoísta


A velha direita ou seus representantes "donos da opinião publicada" sempre tiveram "teorias" sobre o comportamento do brasileiro genérico ou sobre o "povo" (povinho, ralé, enfim o enigmático "outro" das elites!). Invariavelmete a formulação de tais "teorias" atendiam ao descarado desejo de justificação e não-responsabilização social pelo ATRASO nacional. Enfim, da "fraqueza da raça" ao analfabetismo funcional imanente sempre tivemos uma justificativa inteligente do atraso econômico, da desigualdade de renda e da ignorância cognitiva. O mecanismo perverso de socialização da culpa entre aqueles que "merecem o governo (e o estado de coisas) que tem"!

No contexto do Governo Lula, essa atávica compulsão ideológica das elites nacionais teve dois momentos marcantes: em 2006, com a consagradora reeleição de Lula pós "escândalo" do mensalão, o povo IGNORANTE (mistura de burro e mal informado!) se comportou de modo previsível, como uma manada IRRACIONAL alimentada a base de "bolsa esmola" e outras formas menos dignas de asistencialismo instrumental, reelengendo Lula; agora em 2010, na iminência de vitória do projeto de justiça e prosperidade do PT comporificado na candidatura de Dilma, o comportamento do povo passa por uma verdadeira "revolução de paradigma": o brasileiro agora é tido como um clássico homo econômicus: um povo formado por indivíduos egoístas, autoreferidos e maximizadores racionais de vantagens individuais. A explicação ideológica travestida de postulados sobre a "natureza" do brasileiro deu um salto de qualidade, mas continua senso a velha e autoritária visão interessada e distorcida de mundo tão cara aos "donos do poder"!

É justamente essa tendência discusiva que podemos constatar de modo diluído na mídia tradicional e de modo exemplarmente programático numa reportagem do O Globo de ontem (29/08/2010) "Com bolsos mais cheios, problemas minimizados: crédito farto e poder de consumo fazem eleitor querer continuidade do governo e não pensar em bens coletivos"! Nesse autêntico manisfesto da má-fé informada "aprendemos" que o Governo que criou 14 milhões de empregos e garantiu a milhões de brasileiros mobilidade social ascendente e permanente é uma espécie de quimera fatal e insustentável. "Crédito farto, facilidade de compra de imóveis, emprego e renda, ganho do salário mínimo e Bolsa Família fazem a cama para a candidata do PT, Dilma Rousseff, disparar nas pesquisas. Cheios de bens em casa, o eleitor não pensa em problemas coletivos, como saúde ou transporte. E liga menos ainda para questões abstratas, como a situação fiscal."

Perguntinha que não quer calar: será que a reeleição do Governo que realizou/viabilizou esse conjunto de bens coletivos é um mero "resultado agregado" da idiotice egoísta do brasileiro?

Nenhum comentário: