quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Paul Krugman alerta: O Mundo é finito

O barril de petróleo voltou a superar os US$ 90. Cobre e algodão tiveram altas recordes. As cotações de trigo e milho estão subindo. De modo geral, os preços mundiais de commodites se elevaram 25% nos últimos meses. Qual é o significado disso? Especulação desenfreada? criação excessiva de moeda? Prenúncio de inflação em disparada? Não e não.

O que os mercados de commodities estão nos dizendo é que vivemos em um mundo finito, no qual o rápido crescimento das economias emergentes pressiona a oferta limitada de matérias-primas, elevando seus preços. E os Estados Unidos são, em geral, apenas espectadores dessa história.
(...)
Um aspecto importante, hoje como em 2007/8, é que a principal força propulsora na alta dos preços das commodities não é demanda norte-americana, e sim demanda da China e outras economias emergentes. À medida que mais e mais pessoas em países antes pobres ingressam na classe média mundial, começam a comprar carros e a comer mais carne, o que eleva cada vez mais a pressão sobre a oferta mundial de petróleo e alimentos.

E a oferta simplesmente não acompanha o ritmo. A produção convencional de petróleo está estagnada há quatro anos; nesse sentido, ao menos, o pico produtivo do petróleo de fato chegou. É verdade que fontes alternativas, tais como o petróleo extraído de areias oleaginosas canadenses, continuam a se desenvolver. Mas elas têm custos relativamente elevados, tanto monetários quanto ambientais.

Além disso, nos últimos 12 meses, o clima extremo -- especialmente o calor e seca severos em algumas importantes regiões agrícolas -- desempenhou papel importante em promover alta nos preços dos alimentos. E, sim, há todo motivo para acreditar que a mudança no clima esteja tornando episódios climáticos como esses cada vez mais comuns.

Assim, quais são as implicações da alta recente nos preços das commodities? Trata-se, como eu disse, de um sinal de que estamos vivendo em um mundo finito, no qual as limitações de recursos se tornam cada vez mais severas. Isso não resultará no final do crescimento econômico, e muito menos em um colapso ao estilo Mad Max. Mas requererá que mudemos gradualmente a nossa maneira de viver, adaptando nossas economias e estilos de vida à realidade de recursos naturais mais dispendiosos.

Mas isso virá no futuro. Por enquanto, a alta nos preços das commodities resulta basicamente da recuperação mundial. Ela não se relaciona de maneira alguma à política monetária dos Estados Unidos. Pois a história em questão é mundial, e não se relaciona de maneira alguma a nós, em termos fundamentais.

Na íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/851260-paul-krugman-o-mundo-finito.shtml

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