sexta-feira, 4 de junho de 2010

Por que lutar contra o garotismo?


A vereadora Odisséia Carvalho (PT) argumenta sobre o dever político de lutar contra o "garotismo", seus nefastos métodos de poder e perverso legado coletivo:


Nos últimos anos, a política de Campos tem vivido os momentos mais trágicos de toda a história da cidade. Uma tempestade de denúncias sobre corrupção e abuso do poder econômico, operações policiais e decisões judiciais que indicam que a política campista está muito doente.

Diariamente sou indagada: “- E agora vereadora, o que vai acontecer? Mudam os prefeitos, mas continua a mesma vergonha!” Respondo que ao invés do desânimo o que temos que ter é coragem e esperança, é um modo de fazer política que está moribundo e agonizante.

A obscuridade dos gastos públicos municipais, os valores escandalosos e a falta de publicidade eficiente dos atos administrativos, tais práticas têm que morrer.

O escárnio com a educação municipal, o abandono e fechamento de escolas, o loteamento clientelista dos cargos de direção de escolas, as escancaradas manipulações das firmas terceirizadas, contratos suspeitíssimos, estas práticas devem ser extintas.

A precarização do atendimento de saúde, os vergonhosos contratos de aluguel de ambulâncias, o abandono do Programa Saúde da Família estas escolhas são insustentáveis.

O desordenamento do espaço público, o trânsito caótico, os riscos para pedestres, a falta de apoio para os ciclistas, o enfeiamento da cidade, a sujeira e o total abandono das praças, obras superfaturadas que são feitas, refeitas e ficam mal feitas, este modo de gestão está no fim.

Nós queremos construir o novo, mas este novo projeto para a cidade não será efetivado pelos grupos que têm compactuado com os métodos perversos que têm dominado a política municipal nas últimas décadas. Na sua história secular, os campistas demonstraram o seu vigor na luta contra abusos dos poderosos. Desafiaram uma das famílias nobres mais poderosas de todo o Império Colonial Português. Lutaram contra a mais renitente elite escravagista do país. A nossa tarefa agora é libertar a nossa cidade do perverso legado político do Garotismo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os motivos da multidão



As "vantagens" da tolerância político-religiosa: Na Turquia, a multidão protesta contra Israel. No Brasil, a multidão "marcha para Jesus".

Para descontrair

Já que este ano tem Copa do Mundo, vou contribuir para que todos possam cantar o Hino Nacional corretamente. E, como hoje é feriado e aproveitei para arrumar as gavetas, ainda achei a letra do Hino e um glossário num livrinho que dei ao meu filho.

Margens plácidas - se refere as margens tranquilas do rio Ipiranga, na época da independência do Brasil;
Brado retumbante - grito estrondoso, relacionado ao independência ou morte, de D. Pedro I
Penhor dessa igualdade - segurança; garantia da igualdade;
Impávido colosso - grande, poderoso;
Fulguras, ó Brasil, florão da América - a tradução correta de florão é enfeite de ouro com pedras preciosas, na letra do Hino, metaforicamente, o Brasil é o centro precioso da América;
Garrida - requintada, elegante, vistosa;
Lábaro que ostentas estrelado - se refere a bandeira do Brasil, cheia de estrelas
Clava forte - arma forte de madeira pesada, mais grossa em uma das pontas.

Agora, sim, o Hino Nacional Brasileiro, por Martinho da Vila:

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Conferência Nacional da Classe Trabalhadora


A classe trabalhadora brasileira viveu ontem, 01/07, um dos dias mais importantes de sua história. O palco foi o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, da segunda edição da Conclat, iniciativa resgatada pela central sindical, CTB, em seu Congresso de Fundação, em dezembro de 2007,e agora concretizada por milhares de trabalhadores e trabalhadoras de todo o país.
Unidas, CTB, Força Sindical, Nova Central, CGTB e CUT demonstraram para a sociedade brasileira a capacidade de articulação das centrais sindicais do Brasil, ao organizar um evento da magnitude e importância da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.
A partir desse espírito unitário foi possível aprovar, em uma grande Assembleia, a Agenda da Classe Trabalhadora, com vistas a um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho nos seis principais pontos:1. Crescimento com Distribuição de Renda e Mercado Interno forte; 2. Valorização do Trabalho Decente com Igualdade e Inclusão Social; 3. Estado como Promotor do Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental; 4. Democracia com Efetiva Participação Popular; 5. Soberania e Integração Internacional; 6. Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.
As entidades que representam a classe trabalhadora de todo os país sabem e sentiram na pele o que foram os anos de FHC, a alta taxa de desemprego, a falta de diálogo com os trabalhadores, desrespeito aos direitos e as negociações salariais, e não querem ver esse filme de novo com José Serra.
O conteúdo das propostas indica que a imensa maioria do sindicalismo nacional se posiciona contra o retrocesso neoliberal dos governos "demotucanos" e em defesa da continuidade e aprofundamento das mudanças progressistas inauguradas com o governo do presidente Lula.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Está chegando a hora.

Cinco meses após a data marcada para a posse se aproxima, finalmente, o momento em que a Direção eleita pela vontade democrática da categoria vai assumir a gestão do Sindicato dos Professores de Campos e São João da Barra.
Embora ainda não tenha em mãos o texto completo da sentença anunciada ontem pelo titular da 3ª Vara do Trabalho de Campos, fui informado pelo nosso advogado que, pela decisão do Magistrado, devemos assumir efetivamente a gestão do sindicato nos próximos dias.
Ainda hoje vou me reunir com minha diretoria e traçar um planejamento mínimo para desenvolver o trabalho de profunda reestruturação da entidade que iremos empreender, reestabelecendo o diálogo com a categoria e assumindo a responsabilidade política e administrativa usurpada por uma funcionária do SINPRO nos últimos anos.
Ao longo do dia volto ao tema com mais novidades sobre a decisão da Justiça.

Núcleo internacional


Paul Krugman comparece para qualificar o debate econômico em: Os desempregados não podem pagar pela débil recuperação econômica. Confira a abaixo a introdução do artigo (na íntegra: http://noticias.uol.com.br/blogs-colunas/colunas-do-new-york-times/paul-krugman/2010/06/01/os-desempregados-nao-podem-pagar-pela-debil-recuperacao-economica.jhtm):

"Qual é a maior ameaça à nossa ainda frágil recuperação econômica? Os perigos são muitos, é claro. Mas o fato que eu atualmente acho mais sinistro é a disseminação de um conceito destrutivo: a ideia de que agora, menos de um ano após o início da débil recuperação econômica da pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, é o momento para que os governantes parem de ajudar os desempregados e comecem a infligir dor.
Quando a crise financeira teve início, a maioria dos governantes mundiais respondeu de forma apropriada, cortando as taxas de juros e permitindo que os déficits aumentassem. E, ao fazerem a coisa certa, ao aplicarem as lições aprendidas com a crise da década de trinta, eles conseguiram limitar o estrago: foi um estrago terrível, mas a crise não chegou a ser a segunda Grande Depressão.
Agora, entretanto, as exigências de que os governos substituam o apoio às suas economias pela aplicação de punições a elas têm se proliferado em artigos de opinião nos jornais, em discursos e em relatórios de organizações internacionais. De fato, a ideia de que aquilo do qual as economias deprimidas mais necessitam é ainda mais sofrimento dá a impressão de ser a nova sabedoria convencional, algo que John Kenneth Galbraith definiu, de forma famosa, como “as ideias que são apreciadas a qualquer momento devido à sua aceitabilidade”. (...)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Falseando a verdade!

Não é boa a fase da Prefeita de Campos Rosinha Garotinho. Mesmo antes da decisão do TRE cassando seu mandato e tornando inelegível seu marido e da divulgação de gravações de conversas telefônicas digamos, embaraçosas, deste pela mídia a titular do executivo local já havia tropeçado em entrevista concedida há uma semana e publicada na edição de ontem da Folha da Manhã ao tratar da gestão democrática nas escolas da rede municipal.
Ao ser questionada sobre as eleições diretas para direção das escolas, segundo o jornal proposta de seu programa de governo, a Prefeita falseou a verdade, escudada por dois de seus auxiliares de primeiro escalão, inclusive pelo procurador do município!
A escolha democrática dos diretores de escolas não é inconstitucional!
O Ilmo. Procurador se engana sim ao mencionar parecer do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria. Provocado pela seção fluminense do PSC, quando Rosinha ainda era Governadora - logo bem antes das eleições de 2008! - o STF disse que era inconstitucional a Lei estadual que obrigava a eleição direta para diretores de escolas públicas no estado. A Constituição realmente dá ao executivo a prerrogativa de nomear esses gestores como cargos de confiança. Mas não determina que este não possa abrir mão de indicar os nomeados e atender ao resultado de consulta às comunidades escolares! Assim é feito pelo MEC e por diversos municípios pelo Brasil a fora, que acatam as eleições realizadas nas unidades.
O que Rosinha e seus assessores lamentavelmente não admitem é que, assim como o Governador Sérgio Cabral, ela não abre mão da indicação política dos(as) diretores(as)! No município, inclusive, é comum a nomeação de gestores que não são nem mesmo educadores ou servidores públicos da rede.
A propósito, a Constituição ainda é a mesma da década de 1990, quando o então Prefeito Garotinho aprovou Lei que instituía as eleições na rede municipal. Na época a procuradoria devia ser mais eficiente, ou menos subserviente!

O que diria Primo Levi?

Meu amigo Mário Furley é categórico (truísmo): ser favorável a existência do Estado Judeu é ser sionista! Portanto, se é o direito à soberania de um povo está em questão, sou sionista. Contudo, quando Israel nega esse reconhecimento aos palestinos e os submetem a um estado de exceção ad infinitum faz o homem bomba o "herói do nosso tempo".

Como admirador de Primo Levi, sobrevivente da Soha (vulgo Holocausto) autor de clássicos da "literatura de sobrevivência" como É Isto Um Homem?, fico a pensar o que ele pensaria da ocupação totalitária de Israel em Gaza e seu mais atual massacre. Para formar seu próprio juízo, compare o depoimento de Primo Levi com a carta da brasileira Iara Lee, cineasta, ativista social e integrante da "Flotilha da Liberdade":
"Justamente porque o Campo é uma grande engrenagem para nos transformar em animais; até num lugar como este, pode-se sobreviver, para relatar a verdade, para dar nosso depoimento; e, para viver, é essencial esforçarnos por salvar ao menos a estrutura, a forma da civilização. Sim, somos escravos, despojados de qualquer direito, expostos a qualquer injúria, destinado a uma morte quase certa, mas ainda nos resta uma opção: a opção de negar nosso consentimento."
"O cerco à Faixa de Gaza pelo governo israelense tem origem em 2005, e vem sendo rigorosamente mantido desde a ofensiva militar israelense de 2008-09, que deixou mais de 1.400 mortos e 14.000 lares destruídos. Israel argumenta que suas ações militares intensificadas ocorreram em resposta ao disparo de foguetes ordenado pelo governo Hamas, cuja legitimidade não reconhece. Porém, segundo organizações internacionais de direitos humanos como Human Rights Watch, a reação militar israelense tem sido extremamente desproporcional.
(...)
Como resultado do cerco, civis em Gaza, inclusive crianças e outros inocentes que se encontram no meio do conflito, não têm água limpa para beber, já que as autoridades não podem consertar usinas de tratamento destruídas pelos israelenses. Ataques aéreos que danaram infraestruturas civis básicas, junto com a redução da importação, deixaram a população em Gaza sem comida e remédio que precisam para uma sobrevivência saudável."

O fim do homo economicus









James Galbraith, um dos principais economistas de nosso tempo, concedeu entrevista ao Washington Post na qual desconstrói mitos da economia e critica as políticas econômicas adotadas pela Europa para sair da crise. A seguir tenha uma pequena amostragem de seu contra-discurso (na íntegra: http://www.cartamaior.com.br/):

“A idéia de que as dificuldades de financiamento (do Estado) emanam dos déficits públicos é um argumento apoiado em uma metáfora muito potente, mas não nos fatos, não na teoria e não na experiência cotidiana."

A receita que se sugere agora, de que é possível cortar o gasto público sem cortar a atividade econômica é completamente falaciosa. Isso está ocorrendo agora na Europa e é desolador. Exige-se que os gregos cortem 10% do gasto público em poucos anos. E se supõe que isso não afetará o PIB. É evidente que afetará. E afetará de uma maneira tal que eles não terão os ingressos fiscais necessários para financiar sequer um nível mais baixo de gasto público. E estão obrigando a Espanha a fazer o mesmo. A zona do euro caminha para o abismo."

"Assim, há duas possibilidades. Uma é que a teoria está equivocada. A outra é que o mercado é irracional. E se o mercado é irracional, não faz sentido desenhar uma política para adequar-se aos mercados, porque não cabe adequar-se a uma entidade irracional."

O PT se posiciona



Ato de Covardia: de quem?

Não se escuta outra expressão do marido da prefeita de Campos, tentando se defender, que não seja: Isso é covardia!
Mas, segundo a Wikipédia, covardia “É o oposto de bravura e de coragem. É atacar sabendo que o adversário não poderá defender-se”. E então, cabe ou não cabe defesa? De que o ex-governador tem tanto medo? Casal, definitivamente, isso não é covardia.
Covardia é terceirizar a merenda escolar, a limpeza e até mesmo a segurança das unidades de ensino. Covardia é honerar os cofres públicos com todas essas terceirizações que transferem responsabilidades, beneficiam apadrinhamentos e soterram a proposta pedagógica das escolas.
Covardia é não permitir que a comunidade escolar eleja democraticamente a direção das escolas. Distribuir as escolas como feudos a seus senhores para que presenteiem os seus fiéis cabos eleitorais com um DAS... isso sim é covardia.
Covardia é deixar de oferecer condições mínimas de acesso à saúde pública e de qualidade. É deixar o pobre esperando meses, anos, na fila do hospital público por uma cirurgia de emergência... isso se ele aguentar esperar.
Covardia é tornar o DAS e a terceirização únicos atrativos laborativos de uma cidade que recebe uma fortuna de royalties. Os royalties entram em Campos e os desempregados saem para Macaé e regiões vizinhas em busca de emprego. Covardia é não ser transparente.
Covardia é fazer populismo com a miséria alheia. É dar o peixe (mísero e insuficiente) em vez de dar condições de pesca a quem necessita. Isso é formar cidadãos viciados e dependentes e não lhes dar acesso a nenhum tipo de recuperação. Não oferecer formação e emprego é covardia.
Covardia é realizar licitações nada transparentes beneficiando, em regime de revezamento, seus investidores de campanha.
E só mais uma curiosidade: em se falando em fanatismo pseudo-religioso – quem será Davi e quem será Golias? Quem será o bem e quem será o mal?
Eduardo Peixoto é presidente do PT -Campos

Vale a pena ler




A revista alemã (conservadora), Der Spiegel, apresenta uma matéria analisando o acordo do Brasil da Turquia e do Irã. Porém, o último parágrafo da matéria resume muito bem o avanço do Brasil e da nossa política internacional.

"Ele (Lula) demonstrou que virou um fator indispensável no palco internacional. Na terça-feira, o Presidente do Brasil foi festejado por seus amigos durante a Cúpula América Latina – UE em Madri por causa do seu engajamento pela paz. A sua apresentação demonstrou algo como “vejam, o molusco tem muitos braços”. E ele demonstrou que sabe nadar no aquário dos tubarões grandes. Nos bastidores, Lula Superstar costuma contar como curou os diplomatas brasileiros da síndrome de vira-lata; assim ele denomina o profundo complexo de inferioridade que muitos dos seus compatriotas até pouco tempo atrás sentiam frente a americanos e europeus. Foi em 2003, na grande estréia internacional de Lula na cúpula do G-8 em Evian na França. Todos estavam sentados no Hotel do congresso e esperaram por George W. Bush. Quando este finalmente entrou no salão, todos levantaram, só Lula ficou sentado e mandou o seu Chanceler fazer o mesmo. “Eu não participo deste comportamento servil” disse o Presidente do Brasil. “Quando eu entrei, também ninguém levantou.” "

Leia na íntegra.

Muitos deveriam seguir o mesmo exemplo do Presidente, principalmente, nesta planície e deixar de ser subserviente aos "donos do poder" da cidade. Porém, estes se comportam desta forma porque têm o apoio da podre aristocracia campista que ainda se acha como no século XIX, senhores de engenho, e o resto somos todos escravos.
Deveríamos aproveitar a oportunidade da cassação e comparecer ato público que, provavelmente, será promovido pela sociedade civil organizada (leia-se cargos DAS, obrigados a participar, claques e asseclas dos mais variados).

Se a verdadeira sociedade civil não se organizar, corremos o risco de continuarmos escravos.

Poesia numa hora dessas?!






A TORRE SEM DEGRAUS
(Carlos Drummond de Andrade)


No térreo se arrastam possuidores de coisas recoisificadas.

No 1.° andar vivem depositários de pequenas convicções, mirando-as, remirando-as com lentes de contato.

No 2.° andar vivem negadores de pequenas convicções, pequeninos eles mesmos.

No 3.° andar - tlás tlás – a noite cria morcegos.

No 4.°, no 7.°, vivem amorosos sem amor, desamorando.

No 5.°, alguém semeou de pregos dentes de feras cacos de espelho a pista encerada para o baile de debutantes de 1848.

No 6.°, rumina-se política na certeza-esperança de que a ordem precisa mudar deve mudar há de mudar, contanto que não se mova um alfinete para isso.

No 8.°, ao abandono, 255 cartas registradas não abertas selam o mistério da expedição dizimada por índios Anfika.

No 9.°, cochilam filósofos observados por apoftegmas que não chegam a conclusão plausível.

No 10.°, o rei instala seu gabinete secreto e esconde a coroa de crisóprasos na terrina.

No 11.°, moram (namoram?) virgens contidas em cinto de castidades.

No 12.°, o aquário de peixes fosforecentes ilumina do teto a poltrona de um cego de nascença.

Atenção, 13.°. Do 24.° baixará às 23h um pelotão para ocupar-te e flitar a bomba suja, de que te dizes depositário.

No 15.°, o último leitor de Dante, o último de Cervantes, o último de Musil, o último do Diário Oficial dizem adeus à palavra impressa.

No 16.°, agricultores protestam contra a fusão de sementes que faz nascerem cereais invertidos e o milho produzir crianças.

No 17.°, preparam-se orações de sapiência, tratados internacionais, bulas de antibióticos.

Não se sabe o que aconteceu ao 18.°, suprimido da Torre.

No 19.° profetas do Antigo Testamento conferem profecias no computador analógico.

No 20.°, Cacex Otan Emfa Joc Juc Fronap FBI Usaid Cafesp Alalc Eximbanc trocam de letras, viram Xfp, Jjs, IxxU e que sei mais.

No 22;°, banqueiros incineram duplicatas vencidas, e das cinzas nascem novas duplicatas.

No 23.°, celebra-se o rito do boi manso, que de tão manso ganhou biograifa e auréola.

No 24.°, vide 13.°.

No 25.°, que fazes tu, morcego do 3.°? que fazes tu, miss adormecida na passarela?

No 26.°., nossas sombras despregadas dos corpos passseiam devagar, cumprimentando-se.

O 27.° é uma clínica de nervosos dirigida por general-médico reformado, e em que aos sábados todos se curam para adoecer de novo na segunda-feira.

Do 28.° saem boatos de revolução e cruzam com outros de contrarrevolução.

Impróprio a qualquer uso que não seja o prazer, o 29.° foi declarado inabitável.

Excesso de lotação no 30.°: moradores só podem usar um olho, uma perna, meias palavras.

No 31.°, a Lei afia seu arsenal de espadas inofensivas, e magistrados cobrem-se com cinzas de ovelhas sacrificadas.

No 32.°, a Guerra dos 100 Anos continua objeto de análise apuradíssima.

No 33.°, um homem pede pra ser crucificado e não lhe prestam atenção.

No 34.°, um ladrão sem ter o que roubar rouba o seu próprio relógio.

No 35.°, queixam-se da monotonia deste poema e esquecem-se da monotonia da Torre e das queixas.

Um mosquito é, no 36.°, único sobrevivente do que foi outrora residência movimentada com jantares óperas pavões.

No 37.°, a canção

 Fiorela amarlina
 lousileno i flanura
 meliglírio omoldana
 plunigiário olanin.

No 38.°, o parlamento sem voz, admitido por todos os regimes, exercita-se na mímica de orações.

No 39.°, a celebração ecumênica dos anjos da luz e dos anjos da treva, sob a presidência de um meirinho surdo.

No 40.°, só há uma porta uma porta uma porta.

Que se abre para o 41.°, deixando passar esqueletos algemados e conduzidos por fiscais do Imposto de Consciência.

No 42.°, goteiras formam um lago onde bóiam ninféias, e ninfetas executam bailados quentes.

No 43.°, no 44.°, no... (continua indefinidamente).

domingo, 30 de maio de 2010

Positivismo inflexível



A "ciência econômica" sofre de estranho retardo epistemológico. Padece da "doença infantil" do positivismo e não tem a menor consciência disso! Esse corpo doutrinário naturalista professa a crença na infalibilidade do poder preditivo de suas conjecturas ou, como diria Popper, suas "antecipações injustificadas".

O jornal O Globo de hoje traz os vaticínios alarmistas do guru das finanças internacionais Nouriel Roubini (com fama de ter prevismo a crise financeira mundial de 2008!). A seguir pinçamos as passagens mais significativas e sintomáticas de sua entrevista denominada A 'Europa protege o emprego; devia proteger o trabalhador':

O Globo: O senhor defende um programa de "flexicurity" (palavra em inglês que é um misto de flexibilidade e segurança) para os trabalhadores. Mas a Europa tem cortado gastos sociais.

Roubini: O sistema tradicional de bem-estar social na Europa continental fracassou, assim como o laissez-faire anglo-saxão. O modelo europeu optou por proteger os empregos. Se uma empresa está em dificuldades, modelo tenta fazer com que ela mantenha os empregos. Mas se uma indústria decadente mantém os empregos, isso cria distorções, e os custos de proteção social ficam elevados. O correto é proteger o trabalhador. Se ele prede seu emprego, então deve haver seguro-desemprego, investimento em qualificação profissional, benefícios que caminhem com o trabalhador até seu novo emprego. A globalização exige que o trabalhador mude de emprego várias vezes. Para haver mais flexibilidade no mercado de trabalho, tem que haver uma rede de proteção social, mas não que proteja um emprego específico.
(...)
O Globo: Quais são sua perspectivas para o Brasil?

Roubini: O país está em boa forma, e o crescimento tem sido robusto. Devemos dar crédito ao Lula por suas políticas fiscal e monetária, mas o presidente não está fazendo as reformas necessárias para aumentar o crescimento potencial da economia. O novo preseidente, ele ou ela, terá que fazer essas reformas."

Comentário: A ânsia por socializar os "custos de proteção social" ao mesmo tempo que naturaliza a precarização do trabalho, trai o previsível teor desse programa racional de "reformas". Nunca foi tão claro o antagonismo social fundamental, e ainda dizem que a luta de classes acabou.


Déjà vu

Mais uma denúncia:  Jornal da Record exibe reportagem com áudio em que Garotinho "supostamente" explica esquema de arrecadação na Prefeitura de Campos e de informações privilegiadas na Polícia Federal.

                       

Direto ao ponto



O jornalista Ricardo André (http://ricandrevasconcelos.blogspot.com/) vai direto ao ponto no artigo Para o TRE eles são iguais. E nós o que vamos fazer?. Confira a seguir um "aperitivo" de seu argumento:

"O maior mérito do TRE foi oficializar, ao condenar por abusos diversos, Garotinho, Rosinha, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber, o que todos nós sabíamos: eles são frutos de uma mesma e danosa árvore.
O que pratica-se aqui é a política do altíssimo risco. Desconhecem limites legais ou éticos, tanto nas campanhas eleitorais quanto no exercício do poder. Quando são candidatos não pensam duas vezes antes de enxovalhar adversários com denúncias das mais contundentes, mesmo sem provas ou apenas indícios. Usam os meios de comunicação aliados, alugados ou próprios, como se não existisse legislação específica que garantisse a todos acesso igualitário. Quanto eleitos, misturam o público com o privado numa única conta. Os jornais e rádios amigos são os que recebem a maior fatia das verbas publicitárias, e as empreiteiras que financiaram ou financiarão as campanhas são as favoritas nas licitações de obras e contratações de prestadoras de serviço. Portanto, quando sofrem um revés como este último, contabilizam como parte do risco do negócio e seguem em frente." (...)